AINDA SOBRE A VIAGEM, UMA LISTA

aleatória, de impressões e experiências, sobre a primeira vez em que viajamos a três: mãe, pai e Francisco. Digitalizar0012_detalhe_1

— o primeiro ponto está aí, no fato de que viajei como mãe ; já é uma baita diferença: viajar cuidando e zelando por outra pessoa; observando seu cansaço; se está com fome; se precisa trocar fraldas, por aí vai.

— antes, eu era aquela pessoa que se preocupava pouco com as condições de hospedagem, que caminhava horas e horas a fio, muitas vezes sem um rumo definido, comendo qualquer besteira que encontrasse pelo caminho. tudo muda como mãe.

— tinha uma lista de coisas a fazer e pessoas a visitar; devo ter conseguido fazer a metade do planejado. o tempo voou!

— entre outras coisas, gostaria de ter ido ao cinematerna; seria a primeira vez do Francisco no cinema. fica pra outra.

— senti bastante falta do cotidiano, o ritmo de todos os dias, da comida feita em casa, do sono, dos banhos que nunca são iguais em outro lugar que não a nossa casa.

— nessa mudança de rotina, o blw não resistiu; em vários momentos, a gente precisou comer em bufês por quilo; eu escolhia os legumes e verduras que o Francisco poderia pegar; a sujeira era enorme. comecei a sentir que aquilo não valia tanto a pena. realmente é uma tarefa difícil ir a restaurante com pequenxs. acabou que encontramos uma lanchonete super tranquila, com um menu bem bacana. serviam sopinhas bem gostosas, de alho poró, mandioquinha. só me restava dar-lhe as colheradinhas na boca. todo mundo feliz!

— nesse sentido, é ótimo mudar de hábitos, sair do roteiro. eu também, em muitas ocasiões, me via sem opção de comida sem glúten, laticínios ou açúcar. aos poucos, fui rompendo a rigidez da minha alimentação. depois de ter voltado da viagem, mantenho quase sempre a linha, mas vez ou outra abro exceções.

— por falar em exceção, deixamos as fraldas de pano e usamos descartáveis durante a viagem; seria complicado demais mantê-las nesse caso. felizmente não tivemos nada de assaduras.

— como o Francisco e eu ficamos muito juntos durante todo o dia, a viagem foi um momento para exercitarmos a ficar mais distantes; Marco o levava para passear enquanto eu conversava com amigxs.

— os primeiros passos, apoiados nas nossas mãos, o Francisco deu em São Paulo — mas só começou a caminhar livremente aos 13 meses, já de volta. image

— um presente que encorajou os passinhos foi um tipo de meia com solado de borracha; são bem mais simples que os sapatos, que o Francisco ainda não aceita bem; recomendo a qualquer bebê! olha como já está velhinha!

— tivemos, então, um marco para o primeiro aniversário; pudemos pontuar o primeiro ano de vida com um antes e um depois da viagem. fora da zona de conforto, pude repensar de maneira distanciada alguns detalhes da nossa maneira de viver. relativizar, improvisar e mudar. perceber também como aproveitar e curtir o tempo, que passa veloz — principalmente durante as férias!

A TROCA DE FRALDA

ovonovo_era um momento bem estranho, no começo: tudo novo, pra nós e pro Francisco. Lembro que ele estranhava, reclamava, choramingava. Um bebê só conhece a posição de deitar depois de nascer. E não somente deitar mas estar rodeado pelo vazio, cercado de luzes e ar. Deve dar medo. Também acho que escolhia a hora errada: ele queria mamar e eu estava ali despindo, limpando.

O trocador fica no banheiro, onde é mais quente; é um modelo dobrável. Colocamos uma flanela por baixo do Francisco. Para limpar, algodão embebido em água morna. Aqueles lencinhos umedecidos podem até ser práticos, mas deixam a pele mais irritada. Se o algodão com água limpa bem, pra quê gastar mais? Maisena deixa tudo sequinho antes de colocar a fralda. Sobre as pomadas, percebemos com o tempo que é melhor evitá-las. Se aparece uma feridinha, melhor esperar que ela se cure sozinha (lavando sempre bem e recorrendo à maisena). Colocar sempre pomada tira a defesa natural da pele.

Voltando ao estranhamento do início: durou alguns dias. Fomos nos dando conta de que nós mesmos, Marco e eu, poderíamos relaxar mais, curtir o momento. Deu bem certo. Trocar a fralda virou uma brincadeira, talvez a primeira, do Francisco: beijar, massagear, conversar, cantar são algumas das coisas que começamos a fazer. Após ter mamado, é claro, a troca de fralda poderia durar meia hora, até mais! Era a oportunidade para ele mesmo conhecer o seu corpinho, testar a própria voz,  observar o mundo. E ficar um tempo livre da fralda…

Meses depois, a troca de fralda passa a ser um momento meio entediante, ahaha, visto que se repete tantas vezes ao dia! Pelo que já ouvi, isso acontece com muitos bebês. Apelamos para a criatividade: coloco brinquedos dentro do armário do banheiro, deixamos ele se virar (tomando muito cuidado!) dentro do trocador e, inclusive, passo a trocá-lo em outros lugares, em cima da cama, no chão da sala, para variar um tantinho.

Trocando a fralda em outros lugares da casa, me passou pela cabeça a (ousada) ideia de deixar o Francisco sem fralda, brincando… Nem pensamos a respeito, mas nós, adultos, condicionamos a criança a usar fraldas para, anos depois, tirá-la desse hábito. Sobre isso, é interessante ler esse texto sobre elimination communication. Mesmo sem ter feito com o Francisco (poderia ter feito, por que não?), penso bastante nessa questão, ao menos inspirando-me nos seus princípios: manter olhos abertos para a linguagem corporal do bebê, comunicar-se com ele de todas as formas possíveis, passo a passo…