UMA PROVA

não sei de onde ela veio, mas era uma prova que eu tinha que fazer. Cheguei na sala de aula, o baque, como assim, o que é isso aqui? Não entendia nada do que estava acontecendo, nem saberia dizer o que eu estudava ali, do que se tratava as perguntas da prova. Gelei.

Resignada, me curvei frente à folha cheia de questões incompreensíveis. De repente, alguém começa a cantar Vai passar, do Chico Buarque – simplesmente próprio Chico Buarque.

Olha aí, ele de novo num sonho – penso eu.

Vai passar é uma das músicas que eu mais gosto dele, que não sou daquelas fãs que vão ao show. Cantei junto, dei risadas da vida, pensei que aquela prova não era nada frente à beleza da música, de todas as músicas.

A sala também começa a acompanhar o Chico e tudo termina feliz. O Chico Buarque não era o Chico Buarque mas o Luís, em quem eu dou um abraço.

TEM UNS SONHOS

que mais são ajustes da realidade que outra coisa. Ajustes, lembretes, antecipação do que se tem que fazer. Hoje por exemplo, eu fui à locadora procurar o filme O testamento do senhor Nepomuceno, que eu vi na época mas do qual eu não lembro nada a não ser a aparência do ator principal, brasieiro. No sonho meu pai queria o livro do escritor, na realidade foi a Lúcia que me pediu. Durante o dia escrevi para ela, na busca de uma resposta sobre como achar A ilha fantástica, do mesmo escritor.

Além disso teve um remake de filme chato francês com uma atriz chata, filme sem pé nem cabeça, e dei bronca em quem achava que tinha que dar e não dei de verdade, mas fico tentando.

DIAS ATRÁS

eu fiz coisas muito úteis como procurar colares e bonitos e conversei com Chico Buarque numa situação inimaginável. Eis o que eu lembro dos dois sonhos:

Ontem estava passeando e resolvi parar numa loja, onde tinha em bancas vários colares bonitos, parecia que a preços módicos. Fui revirando o que ali havia, cheguei num colar de prata, com desenhos de frutos do mar, pedrinhas e tudo. Fiquei encantada. Vi o preço, custava 10 parcelas de 950 reais. Ai que triste. Então a moça da loja começou a me mostrar coisas “para dar sorte”, uma rosa de plástico, uma outra com um líquido que mudava de cor. O líquido quando encostei ficou amarelo, então ela me disse que eu estava seca por dentro. Acordei com sede.

Hoje eu já saí correndo à Cachoeirinha, para o centro cultural onde a Karen trabalha. Ela organizou um show com o Chico Buarque. Cheguei depois da hora que o show começava, mas eu era a primeira pessoa que chegava para o show. Fiquei abismada. Só eu ouvindo o Chico Buarque cantar com violão e só ele no palco. Nem sou tão fã assim do Chico, não sabia cantar todas as músicas, que vergonha. Ele também muito envergonhado. Depois do show, puxei papo com ele, disse que gostei muito de Budapeste, que vou tentar ler o livro novo dele (que realmente lançou, agora). Ele pegou um elevador, foi-se. Eu disse que achei legal tê-lo visto num lugar que não aquelas salas de show caríssimas e lotadas.

HOJE DURANTE

a maior parte do dia, as têmporas palpitando, o suor saindo por todos os poros do corpo, os ônibus queimando as costas, tanto o sol, como agora a noite, tão quentes um quanto a outra, o notebook fervendo sob minhas mãos e a lâmpada que me ilumina agora parecendo que vai me transformar em pipoca…

Certamente me lembro do episódio preferido de Tintim: A estrela misteriosa. Não pelas altas temperaturas noturnas, das cenas que abrem o livro (como o desenho animado): Tintim e Milou estão andando, observando as estrelas, quando percebem que até o asfalto está derretendo de tanto calor.


Na primeira página, o cidadão Tintim entra em contato com o observatório para saber que estrela tão brilhante lhe chamou a atenção… Mó calor e ele nem pra usar uma roupinha mais leve!

É um corpo celeste que cai na terra e vai parar no meio do oceano. Tintim, é claro, parte na expedição dos cientistas bonzinhos. Os americanos saem perdendo, em meio a umas referências anti-semitas aqui e ali.

A estrela misteriosa é um dos episódios mais elogiados de Tintim, a primeira incursão de Hergé na ficção científica.
Tintim é aquela coisa, cheio de coisas politicamente incorretas, ausência total de mulheres, com exceção da feia-pé-no-saco Castafiore, mas mesmo assim é simpático.