MICOSE NAS UNHAS

dos pés: eis um dos problemas que tenho enfrentado nos últimos anos. Normalmente temos vergonha do assunto; aparenta falta de higiene, descuido. É algo relativamente fácil de esconder.

Da mesma forma, a solução pode ser bem simples: marcar consulta no dermatologista, tomar um remédio via oral e passar uma pomada ou esmalte nas unhas. Pronto, os fungos assim estariam mortos. Quem sabe até indo direto à farmácia, mais rápido ainda, consegue-se um medicamento sem receita que resolve a questão.

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Mas eu não quis passar por um tratamento alopático como o que descrevo acima. Os remédios me impediriam tentar engravidar. Depois, grávida, e agora, amamentando, não posso tomá-los. Em seguida ao parto, a situação das unhas piorou, fui novamente ao dermatologista. Ele me recomendou que eu parasse de amamentar. Recusei. E foi esse impedimento a tratar especificamente a micose que me levou a descobrir muitas coisas relacionadas a ela e a mim mesma.

Por que eu tenho essas manchas nas unhas e meu marido, com quem vivo, não tem? Eu imaginava que micose seria contagiosa. Há, porém, um fator decisivo: ela se desenvolve num corpo que não consegue se defender. Em outras palavras, se o sistema imunológico não é forte o suficiente, o fungo encontra terreno para crescer e proliferar.

Essa informação encontrei nessa página, junto com alternativas de tratamento natural. Então a micose seria a manifestação de algo mais profundo. Todos aqueles meus probleminhas de saúde estavam relacionados ao fato de que meu corpo se defende mal contra invasores.

E como minha imunidade chegou a esse estado? Há fatores que enfraquecem o sistema imunológico. O uso elevado de antibióticos é um deles. O antibiótico nos ajuda, ao mesmo tempo em que nos tira a chance de nos defendermos sozinhos contra uma infecção. Açúcar é outro elemento, junto com a farinha refinada, glúten. Leite de vaca também pode entrar nessa lista. Stress, más companhias e ambientes hostis também nos afetam.

Quase nenhum médico tradicional conhece ou nos informa sobre isso. Perguntei ao dermatologista — era o médico-chefe do hospital — e ele não soube me dizer nada de concreto. Infelizmente a formação deles não enxerga o corpo como um todo. E que carregamos um espírito ali dentro.

Estou num processo de cura integral. A micose, nesse panorama, é só um detalhe.

Descobri que preciso recuperar minha flora intestinal, um dos pontos fundamentais para um sistema imunológico eficiente. Mudei minha alimentação. Visito terapeutas diversos. Podologia, bioressonância, reflexologia são alguns dos tratamentos que tenho contato. Por sorte, encontro pessoas gentis, sérias, atentas. Muitos textos na internet me informam e inspiram: este sobre o glúten, e aqui também, entre outros.

Encontrando orientação com terapeutas e apoio em textos, compreendi que eu mesma sou minha terapeuta: eu me observo, me controlo, me cuido. Cabe primeiramente a mim essa tarefa.

Já perdi unhas, elas doem e crescem tortas. Agora estão melhorando, lentamente. Paciência é um ingrediente de suma importância.

Há muito ainda o que descobrir. Fico feliz por tantas pequenas coisas, principalmente pela possibilidade de aprender e de me transformar.

OS ÚLTIMOS MESES DE GESTAÇÃO

foram tranquilos. A barriga foi aumentando de tamanho, pontuda. Por isso muitos dos palpites que circulavam entre nós era de que ali dentro tinha um menino. Além disso, as pessoas começaram a perguntar: — E aí, quando nasce? Reagia com muita calma. Há aquela pressão das 40 semanas, que não passam de uma estimativa para a duração da gravidez. Bebês saudáveis nascem antes ou mesmo depois dessa data, até em 42 semanas.

Desde junho, pelo ultrassom, vimos que x bebê já estava com a cabeça para baixo. Dava chutes fortes, principalmente quando eu estava deitada. Aliás, se no segundo trimestre me mexi pra caramba, esses meses finais voltou aquela vontade de deitar e dormir.

Mas e a dificuldade para dormir confortável com o barrigão? Deitar de costas, muito difícil. De lado era melhor. Mesmo assim, era preciso mudar de lado, esquerdo ou direito, frequentemente. De madrugada, vinha a fome e a vontade de fazer xixi. Em suma, o sono era picado, fragmentado. Entre 3 e 5 de manhã, muitas vezes estava lá eu acordada, pensando na vida. Pensando em todas as mudanças que a chegada dx bebê estava fazendo em nossas vidas.

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Sobre mudanças, foi só nesses meses finais que começamos realmente a nos equipar. Com o mínimo necessário: um berço, seminovo, que logo depois abandonamos (o Francisco dorme conosco na cama) e uma nova cômoda para as roupas. Já tinha alguns presentes e roupas usadas de amigos. Já tinha comprado também os slings. Organizei-me e fui comprar mais algumas roupinhas que faltavam para as primeiras semanas, aproveitando uma liquidação.

As aulas de ioga acabaram quando eu estava no fim do oitavo mês. Depois disso, fazia em casa, sozinha, alguns movimentos. Lia e relia Parto ativo. Assistia mil e um vídeos de parto. Acompanhava também relatos, de todos os tipos de experiência.

Concentrei-me bastante em informações sobre parto. Se pudesse mudar algo, teria ido atrás de mais conhecimento a respeito da amamentação. Pesquisei razoavelmente, mas muita coisa aprendi nas primeiras mamadas. Repensando hoje, até teria feito algum curso de amamentação antes de parir.

Estrias bem fortes apareceram. Desde o começo da gravidez passava óleo na barriga, mesmo assim ela cresceu tanto no final que a pele não resistiu. Isso varia de mulher pra mulher; eu tenho propensão a estrias, já esperava por elas… aos poucos estão apagando. De qualquer maneira, é interessante ver as estrias como uma recordação daquele momento da minha vida.

Os pés incharam pouco, mais nos dias de calor. Acredito que tomar suplemento de magnésio tenha ajudado. Além dele, também tomava outro multivitaminas específico para gestação e pós-parto.

Por volta das 32 semanas começamos a massagem perineal, quase diariamente. Valeu muito a pena, não tive nenhuma laceração na passagem do Francisco. Recomendo a toda gestante fazer a massagem, sozinha ou com ajuda dx parceirx.

Gostava de passear. Andava a passos curtos, por causa da barriga, que ia chamando cada vez mais atenção. É um tempo para curtir, porque passa rápido e já me dá saudades: sentir as mexidas lá dentro, o corpo diferente e bonito. Ah, sim, eu me sentia bonita demais!

barrigaoArrematei os quadradinhos da colcha de crochê bem no finalzinho. E o diário, trabalhei nele até o último dia de gestante! Por coincidência, também tirei fotos da barrigona menos de 24 horas antes do nascimento do Francisco.

As parteiras já tinham avisado para colocar um plástico cobrindo o colchão, para o caso de a bolsa estourar de madrugada. Dito e feito! Era por volta de 3h da manhã quando senti um ploc! e a água escorrendo. Sobre isso, já escrevi no relato de parto

A CONSULTA DOS 4 MESES

do Francisco merece um relato. Nas anteriores, tudo correu bem; a pediatra tinha me felicitado por amamentar em livre demanda (o que ao meu ver deveria ser regra geral, mas enfim…). Por isso, voltamos lá aos 4 meses muito tranquilos. Procedimentos de rotina: pesar, medir. Francisco ainda bem nunca teve nada a assinalar, só uns dois resfriadinhos que passaram com o tempo.

Aí ela me mostra um gráfico: curvas de crescimento. A altura está na média, mas o peso, o pontinho, aparece mais abaixo. Ela pergunta se estou amamentando: sim. — Quantas vezes por dia? — Todas as vezes em que ele pede para mamar, inclusive de madrugada. A resposta desconcerta a médica: — Mas quantas vezes? Ah, ela quer um número. Não basta eu satisfazê-lo sempre… é preciso um número para preencher o prontuário. Arrisco: — Olha, mais que oito vezes ao dia.

Ela se vira do computador — claro, a maioria dos médicos hoje em dia olha mais para o computador, para os exames, gráficos, ultrassons do que para os pacientes e seus acompanhantes — e diz que preciso começar a medir a quantidade de leite que dou a ele. Devo pesá-lo antes e depois da mamada, para ver a diferença de peso. E — tchan tchan nanan — complementar com leite artificial. Mais uma vez, o mito de que o leite materno não é suficiente para atender ao que o bebê necessita.

A minha resposta, serena e firme: — Não, não farei essas coisas. Não concordo e pretendo seguir com amamentação exclusiva até os seis meses, ou mais, até ele começar a comer.

A médica arregala os olhos, enfurece: — Mas por quê?

Ao que eu argumento que a indústria de alimentos gera uma pressão enorme em torno de médicos, mães e pais a respeito da saúde e do peso do bebê. Que toda mãe, em ambiente tranquilo, tem a capacidade de amamentar e suprir as necessidades do bebê. Pesar, controlar, apenas atrapalhariam esse momento. O Francisco está absolutamente saudável, é simpático, ri, interage, se move. Não apresenta nenhuma razão para que eu mude o que quer que seja.

A consulta termina num clima estranho, a médica contrariada. Provavelmente não esperava minha reação. Saímos de lá perguntando para nós mesmos: — Quantas mães e pais contestam o que dizem os médicos? Quantas pessoas tem confiança naquilo que fazem?

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Voltando para casa, fui pesquisar sobre curvas de crescimento. As que a médica possui em seu consultório são diferentes daquelas que estão disponíveis no site da OMS.

Mas o que me salvou foi um maravilhoso texto do pediatra espanhol Carlos González, publicado nas Delícias do Dudu — vale muito a pena ler qualquer coisa que ele escreve, aliás; muita gente compartilha trechos dos livros dele pela internet, é só ir atrás. Caiu como uma luva: bebês que mamam no peito tem um crescimento diferenciado; aos 4 meses, mamam com mais velocidade. Era tudo o que estava acontecendo conosco.

Aliviada por encontrar algum tipo de apoio, mesmo que pela internet, ainda mais confiante, o que me restava era somente manter a calma, um ambiente confortável para nós, estar sempre de olho na pega, dar de mamar sempre que o Francisco pedir (ou que eu achar necessário). Isso é livre demanda, assim como o mesmo Carlos González define em outro texto seu; gosto tanto que vou me dar a liberdade de citar o trecho final aqui:

a livre demanda não é uma escravidão, mas sim uma liberação para a mãe. A maioria das vezes pode fazer o que quer o seu filho, de modo que o bebê está feliz e não chora e portanto, a mãe também está feliz e não chora. E de vez em quando pode fazer o que ela quer. A escravidão é o relógio.

ovonovo_-45Temos aprendido muito com o Francisco o quanto somos apegados a controlar o tempo, medir, prever… — escrevi inclusive um post sobre isso. O importante, em meio a tanta informação ao nosso redor, é escutar nosso coração, entrar em sintonia com ele.

Ainda continuo sobre o tema. Comecei já no post anterior, sobre as dificuldades que rondam a amamentação, a partir de casos que conhecemos. A seguir, pretendo falar das minhas dificuldades em particular.