ME VEJO NA RUA

sem roupa nenhuma. O que aconteceu antes no sonho, desconheço. Estou na Augusta, na parte mais movimentada, depois da Antônia de Queirós. É noite. Não estou sozinha. Uma outra pessoa me acompanha, também sem roupa. A mínima ideia de quem seja: uma mistura de amigos e desconhecidos, gente que mora perto e longe, personagem de histórias.

Sonho-padrão, como perda de dentes, queda em buraco, morte. Não estava com vergonha em meio à movimentação da Augusta. Talvez estivesse realizando um desejo-padrão também: ficar invisível.

O VESTIDO NOVO

tinha mudado de cor. Comprei um vestido cinza claro na feira de roupas em Palmas. Bonitinho, de botões prateados, como as das meninas em dia de festa. Então usei no dia do meu aniversário, para ser uma menina também.

No sonho que eu tive, meu vestido, de cinza, cor que gosto por combinar com quase tudo, inclusive com outros cinzas, tinha mudado de cor. Mais precisamente: ele, depois da primeira lavagem, virou cor de vinho. Ainda guardava algo mais clarinho, umas flores amarelas aqui e ali.

Essa passagem de cor parecia, no sonho, algo esperado, parte de uma coisa costumeira, a mudança de cor de um vestido que se usa no dia do aniversário. Como uma folha de papel que permite que se use cores nela, que ela mude com a tinta que recebe e absorve.