MIX DE FRUTAS

no liquidificador: fazemos todo dia em casa. Para mim, é um dos principais substitutos ao pão do café da manhã ou as bolachas do lanche da tarde. Como um mix tem muitos ingredientes diferentes, não dei logo de cara pro Francisco. Depois de alguns meses, aos poucos, comecei a oferecer pra ele.

Muita gente opta por suco de fruta. Nós aqui fazíamos muito suco de laranja, mexerica. É muito gostoso, mas tem o inconveniente de ter muito açúcar e pouca fibra. Ou seja, suco coado não é uma coisa para se tomar sempre, todo dia, nem para bebês nem para adultos.

Meio como cremes ou smoothies, mix são parecidos com papinhas. Também preparo algumas; amasso abacate e misturo com banana, pêra e leite de arroz no garfo, vai virando meio líquido. Já preparei inclusive papas quentes, tipo mingau — como essa receita aqui. Mas não gostamos tanto… ainda preferimos os mix.

Tem uma infinidade de combinações possíveis. Um que faço bastante leva banana congelada, leite de coco, pedaços de manga. Outro exemplo: ameixa seca de molho num copo de água durante a noite com semente de girassol e coco ralado. O importante é que tenha alguma fibra junto com o açúcar das frutas.

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Por aí afora, há mil e uma receitas de creminhos-smoothies-mix — além de sucos verdes, coisa que eu preciso pegar o jeito de fazer. Logo, sei que não estou inventando a roda com as minhas misturas. De toda forma, acho legal compartilhar, neste post, os ingredientes que já bati no liquidificador.

Frutas frescas — muitas delas podem ser congeladas, o que ajuda a dar a consistência cremosa: banana, manga, mamão, abacaxi, abacate, morango, framboesa, mirtilo são ótimas.

Frutas secas — o interessante é deixá-las de molho num copo de água durante a noite; aí elas ficarão molinhas e hidratadas. De manhã, colocar no liquidificador as frutas junto com a água. Ameixa seca é uma ótima fruta para soltar o intestino. Usei muito durante umas semanas em que o Francisco ficou com dificuldade de fazer cocô — o que é comum na introdução alimentar. Além da ameixa seca, uso muito tâmaras, mas também manga seca.

Nozes, castanhas, avelãs — elas também precisam ficar de molho para hidratar. Aliás, é mais ou menos assim que se faz leite vegetal (aqui e aqui algumas possibilidades).

Água, leite de coco — ou um leite vegetal.

Linhaça — o segredo da linhaça é que ela ajuda na consistência gelatinosa. Basta deixar a linhaça num potinho com água dentro da geladeira. Por sinal, é um bom substituto para ovo em receitas. Isso sem falar nos benefícios nutricionais.

Diversos — qualquer coisa que combine com as outras coisinhas acima: gergelim, amaranto em flocos, coco ralado, cardamomo (combina com manga e banana, como no lassi indiano), canela, noz moscada. Depois de batido, tem vezes que misturo com esse creme de arroz molhado; fica ótimo.

Um bom liquidificador, potente e se possível com copo de vidro e modos para picar gelo e fazer smoothies.

Potinhos, colheres a postos e bom apetite!

“MINHA FILHA NÃO COME!”

— foi mais ou menos assim que me escreveram. Ela, mãe de uma menina de seis meses, me dizia que a pequena não aceitava as comidinhas oferecidas por meio do blw. Desolada, a mãe chorava frente a recusa da filha.

Conversamos alguns dias, por messenger. Gosto muito dessas oportunidades de troca de experiência — tanto ela como eu pudemos refletir sobre a introdução de alimentos e suas dificuldades iniciais.

Pensando em contribuir e inspirar outras mães que se encontram também nesse momento, reproduzo logo abaixo as mensagens que escrevi a ela.

Olá! você acha que ela rejeita a comida por ser em pedaços, pelo blw? e se fosse papinha, será que não aconteceria algum tipo de rejeição? O ponto do blw é q a criança guia e controla o que come — rejeitar, então, faz parte. É preciso entender o que ela quer sinalizar com a recusa: falta interesse? há ansiedade no ar? como se desenrolam as refeições?

O Francisco comia pouco no começo; muitas vezes ele vomitava tudo e eu ficava super triste. Aí tentei trabalhar essa minha frustração; rever teus pensamentos a respeito da comida. Eu vivo cercada das lembranças minhas de infância; fui uma criança que rejeitava quase tudo o que cozinhavam

Passado tanto tempo, estou do outro lado da história. Sou eu quem prepara e oferece os alimentos. E percebo que dá um super trabalho cozinhar, limpar, escolher etc… mas é tão gostoso nutrir assim! Tenho aprendido um montão com essa nova fase da vida de mãe e até hoje tento consertar minha relação com os alimentos.

Outro probleminha que enfrentamos: o Francisco come super rápido. A gente se perguntou: — por quê? Nos demos conta que nós dois, Marco e eu, também fazemos o mesmo… Agora estamos tentando comer com mais lentidão.

A respeito da tua tristeza: chore o que for necessário chorar, mas deixe-a ter contato com a comida, mesmo que pra brincar e sujar a casa. Limpar também é um exercício e uma meditação, digo isso por experiência própria. Eu limpo a sujeira de comida mentalizando que essa é uma etapa de descoberta para o Francisco e que vai lhe dar uma relação saudável com a alimentação.

Vai buscando a razão do teu choro, que não é a recusa dela em comer. É algo dentro de você: medo de falhar, medo da experiência nova, coisa do tipo. Até mais!

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(um dia depois…)

Retomando o que estávamos conversando ontem: não me preocupa o fato de a tua filha rejeitar a comida. Os seis meses são um marco aproximado para a introdução de alimentos — pode começar um pouco antes, 5 meses e meio, pode acontecer depois. Já ouvi vários casos de bebês que só comeram a partir de 9, 10 meses. Isso tanto faz se por blw ou com papinhas, salgados ou doces. Tua filha precisa se sentir pronta para esse novo passo na sua vida — alimentar-se sem que seja por meio do peito e do leite. É um salto enorme, junto com o atos de se sentar, engatinhar e a chegada dos dentes. Aliás, ela pode estar recusando por conta dos dentes despontando, um resfriadinho, qualquer coisa desse tipo.

Dito isso, o que deve ser analisado é seu choro e a ansiedade no ar de que você fala — ou seja, investigar dentro de você quais são os sentimentos, anseios e medos que esse choro quer dar vazão. Só você pode saber. Às vezes demanda tempo e muita reflexão para se chegar a algo.

De toda forma, tua filha é uma pessoa e tem o direito em recusar a comida, ter seus gostos. Mas cabe a vocês despertar o interesse e cultivar bons hábitos. Normalmente, o medo que se esconde na criança que recusa a comida é que ela talvez esteja recusando alguma outra coisa — que o que vocês oferecem a ela não agrada, que ela quer ou espera alguma outra coisa, um outro tipo de atitude frente a vida, quem sabe. O que você acha?

Você conversa com ela a respeito? É muito importante falar, seja das coisas boas que vocês vivem, seja dos receios, dos pontos negativos; ajuda muito.

Como se desenrolam as refeições, como você prepara a comida? vocês comem sozinhas ou tem a companhia do pai? de outras pessoas? ela está sempre à mesa na hora das refeições? o que faz? olha com interesse para as comidas e bebidas? tenta pegar?

Sobre seu desenvolvimento: ela já senta sozinha? já pega objetos? leva-os à boca? já chegaram dentes?

Eu sempre leio muito, pesquiso blogs: me ajuda ler a experiência de outras pessoas. Participo também de grupos no facebook; eles valem a pena para ver o que outras mães fazem, trocar ideias e dividir medos.

Não sei o quanto você conhece da Laura Gutman ou do Carlos González; eles tem textos muito bons sobre a alimentação como esse e esse. Uma das principais orientações que eles dão é: confiar em nossxs bebês. Por um acaso enquanto escrevo me deparei com esse trecho aqui:

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Aqui o Francisco começou aos seis meses a comer, mas era tudo bem pouquinho. E eu fui bem desencanada: se não comia, ok. Tanto que depois que ele completou um ano eu percebi que deveria acelerar, dar mais comida, organizar horários para o lanche da tarde, etc. Também a partir de um ano liberei ocasionalmente pão — coisa que eu não tinha previsto antes, hehe, queria deixá-lo livre de gluten. Agora estoue posicionando de maneira mais ponderada.

Porque a grande questão é: se eu quero dar uma boa alimentação a ele, também devo ter segurança das minhas escolhas. Em uma festa, vai rolar de ele se interessar pelo bolo ou outro doce (ainda não aconteceu). Tudo bem. Durante toda a semana, a gente come coisas boas em casa. Não devo encarar o doce como uma ameaça à sua saúde.

Aproveite esse momento então pra encarar de frente a insegurança — e mandá-la embora ;) o bom das crianças é que elas nos dão essa oportunidade. A gente precisa de coragem, para depois transmiti-la às crias!

Espero que te ajude o que escrevi.

Trocadas essas mensagens, passaram-se alguns dias até que a situação mudasse e a filha despertasse a curiosidade em levar frutas à boca. Em paralelo, a mãe entrou num grupo de blw no facebook e participou de um workshop sobre introdução alimentar. Os espíritos se renovaram e a partir daí as refeições se desenrolaram mais tranquilamente, sem recusas ou choros. E com ela eu descobri esse ótimo blog sobre blw. Que gostoso!

MEUS PÉS

sempre foram meio estranhos a sapatos; a maior parte deles me machucava, pelo menos quando eram novos. Pequena já tinha umas calosidades na sola, lembro bem. Tornei-me adolescente e os pés cresceram tanto que hoje calço 39 — é bastante para quem tem 1,68 de altura.

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Quando li “Iracema”, de José de Alencar, na escola, impressionei-me muito com os pés sedosos da índia. Eu, uma menina urbana, que anda descalça somente em casa, tinha os pés muito mais ásperos e duros do que os dela. Esse trecho do livro foi o que mais me marcou:

Mais rápida do que a ema selvagem, a morena corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.

Naquela época mais ou menos tinha uma música dos Raimundos que também falava de um pé cuja sola era feito pneu. A nêga andava na pedra e a carcaça grossa deixava uma marca no chão — diferente da suave dança dos pés de Iracema.

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Anos e anos depois, já na faculdade, usei a citação acima como epígrafe para uma curta resenha sobre “A pata da gazela”, outro romance de Alencar. Estava estudando as obras urbanas e os perfis femininos do autor, na disciplina de literatura brasileira sobre o romantismo.

O ponto em comum entre Iracema e a heroína de “pata da gazela”, Amélia, é a caracterização dos pés. Mas se os pés da índia são macios, os da mocinha do Rio de Janeiro são feios. Ela os esconde sempre que pode. Seus sapatos, feitos sob medida, são estranhíssimos. Identificava-me mais com os pés da Amélia, eu, Ana Amelia.

Eu poderia ainda falar dos pés femininos nos filmes do Tarantino… talvez fique pra outro post. Neste aqui, continuo relatando meus pés e sua relação com a saúde.

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Eles sempre foram meio estranhos. Decidi evitar ao máximo sandálias abertas, para não mostrá-los tanto. Salto fino e alto também não combinavam comigo. Nem bico fino. E assim fui caminhando pela vida adulta, com sapatos lindos, um tanto caros, como esses aqui

Faz uns três anos apareceu micose. Ela me levou a descobrir a reflexologia, que tem me feito muito bem, por tratar da saúde de maneira integral. Todos os órgãos do corpo estão representados na sola do pé. A massagem ativa e identifica pontos que merecem atenção: o intestino, o pulmão, e por aí vai. Em seu tratamento, pude descobrir que meu sistema imunológico estava fraco, o metabolismo baixo e que eu precisava mudar a alimentação — algo significativo para mim que não sabe comer

Com ela descobri algumas obras de Rüdiger Dahlke, que trabalha com o significado das nossas doenças, sua simbologia e o aprendizado que elas podem nos trazer. O verbete sobre micose de um de seus livros reflete justamente o momento em que estou passando na vida.

Também encontrei uma ótima podóloga. Com ela, meus pés já não estão tão ásperos como antes. Ela prestou atenção à minha postura corporal. Graças a ela, procurei ajuda ortopédica, estou usando palmilhas nos calçados para mudar a posição dos dedos.

DSCN5014Em suma, se eu tivesse tratado a micose de maneira específica, sem olhar para o corpo e a mente como um todo, teria perdido a oportunidade de conhecer mais a fundo outros problemas de minha vida, outros pontos que merecem atenção. Mesmo tendo visitado anteriormente clínicos gerais e dermatologistas, nenhum deles havia sinalizado o que a reflexoterapia e a podologia me mostraram.

Isso me lembra o terceiro capítulo do filme “Caro diário”, de Nanni Moretti. Ele relata sua incansável busca de uma resposta para suas coceiras. Médicos mil. Vários remédios. Nenhuma solução. Quando, por acaso, ele visita um terapeuta chinês… bom, não vou contar aqui como termina a história. Vale ver o filme todo, ou pelo menos o trecho, aqui, com legendas em inglês.

pes_amarelo_bEste post é ilustrado por fotos de ex votos em Aparecida. Fui lá com uma amiga que precisava pagar uma promessa. Das várias fotos que fiz ao longo do passeio, essas dos pés me marcaram. Coincidência ou não — aquelas coisas curiosas da vida — na mesma época eu tinha mania de desenhar pés, nos cantos das folhas de anotação de aulas e reuniões. Até comecei a criar uma história em quadrinhos cuja personagem principal era um pé.

Quem sabe os ex-votos e meus amontoados de pés queiram me mostrar que o caminho para a cura dos meus pés talvez envolva algo de religioso, espiritual, sagrado. Quem sabe…

O PARTO É MEU

— foi mais ou menos com essa ideia em mente que fui me preparando durante a gravidez. O nascimento dx bebê seria uma experiência única. Mesmo mães que passam por várias gestações dizem que cada um desses momentos são diferentes um do outro. Sentimentos, dor, medo: são todas coisas muito pessoais.

Por isso quase sempre sinto dificuldade em ajudar mulheres que me escrevem perguntando sobre gravidez e parto. Uma das coisas mais importantes é informar-se, na minha opinião. Mas cada pessoa tem seus pontos de vista. Há gente que prefere não ler ou pesquisar. Há quem dê mais confiança a um/a profissional do ramo.

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Uma coisa me parece certa: a mulher pode se cercar dos profissionais mais qualificados — o parto acontece entre as suas orelhas, na sua cabeça. Cabe a ela, e a mais ninguém, dar conta das contrações e abrir caminho à dilatação. Por isso penso que chamar a responsabilidade para si é o caminho mais interessante. A gestante que toma consciência de seu papel estaria mais preparada para enfrentar a montanha russa e as ondas que a esperam no parto — inclusive os imprevistos, tudo aquilo que foge ao esperado. E pode encarar com mais coragem todos os desafios que virão pela frente. Digo isso pensando na minha vivência pessoal; cada mulher saberá o que é melhor para si.

Nessa minha relação entre o que escrevo e as pessoas que me lêem, eu preciso sempre estar atenta às fronteiras entre a minha experiência particular e a vida das outras pessoas. Se eu tive um parto natural, sem intervenções, rápido, foi porque aquilo era o que eu tinha para viver. Me dói o coração quando fico sabendo de algum caso de violência obstétrica, como foi a cesárea forçada de Adelir. Porém, não devo de modo algum impor o que para mim me faz feliz aos outros. Posso aconselhar, relatar, exprimir meus sentimentos. E sobretudo desejar o melhor para cada mãe e bebê. Mas é necessário, contudo, que eu tolere e não julgue — nem lamente — as diversas experiências da maternidade. Afinal, muita coisa nessa vida não acontece por acaso