O QUE É ATTENDRE?

à primeira vista, é um falso cognato para o português: significa “esperar, aguardar; permanecer num lugar até que algo aconteça: que o trem chegue, que venha uma resposta, que o médico chame”.

Mas attendre não está tão distante do português atender; ao menos ambos vem do latim attendere: “obedecer, dar auxílio, observar com prudência, ser vigilante, prestar atenção”; e atenção/attention também: “concentrar-se, colocar a mente em escuta e reflexão”.

VOCÊ PASSA

pelas mesmas ruas de todos os dias, de onde você mora já faz anos; poderia descer pelo caminho de olhos fechados, tudo é familiar e todos te conhecem, sabem quem você é e que horas vai e vem. Mas agora fica pensando: como será ver tudo isso com outros olhos – ver com os olhos de alguém que nunca passou por aqui, alguém chegando pela primeira vez onde você sempre viveu?

O QUE É ADOUBER?

foi o que me perguntaram dia desses; à primeira vista, não me pareceu do francês de todo dia.  Realmente: consultando o dicionário, adouber está nos termos raros.

No vocabulário internacional do xadrez, um jogador diz “j’adoube” para deixar claro ao seu oponente que ele está simplesmente arrumando a posição de uma peça no tabuleiro. Não pretende jogar com ela (0u ao menos estaria tomando tempo, acho eu).

Adouber era acomodar as peças, arrumar, ornar um cavaleiro para o combate. E veio daí para o português a palavra adubo, num sentido que não existe para o francês: aquilo que se usa para conservar, fertilizar ou melhorar alguma coisa.

O QUE É DÉTAIL?

do francês; há correspondente em várias outras línguas europeias: detalhe, detail, detalle, detay, detagglio, Detail, detaliu, detalje, Dettall, detalj, детали, детаљ…

Composto por uma base que veio do latim tardio, taliare. Tailler é cortar em peças um produto, para colocá-lo à venda; esculpir, confeccionar, dar forma; dividir as cartas do baralho para começar o jogo.

Détail é a minúcia, o pormenor, a particularidade, aquilo a que damos mais atenção. Pelo contrário, pode ser algo insignificante, sem importância, a ser rejeitado.

Sempre parte de um todo mas, por sua diferença, é separado do restante – do qual guarda uma semelhança.

O PEQUENO ARQUITETO

é um tanto diferente de outros joguinhos de blocos de montar: sempre paredes, pontes, telhados e a torre com relógio; peças de madeira nunca exatamente iguais umas às outras, como as de plástico. Além disso, não tendo dentes para encaixar, as peças permitem pilhas que desafiam a gravidade. E por isso mesmo o que se monta com elas se desfaz com muito mais facilidade.

FIQUEI SURPRESA

com a história do Tetris, que eu desconhecia: a URSS caindo, um pesquisador cria o jogo, que se espalha sem controle, direitos ou patentes. Mesmo quando o jogo passa o outro lado da cortina de ferro, acordos são furados, contratos não são cumpridos, até que um golpe certeiro da Nintendo derruba todos os outros concorrentes.

A história pode ser menos simples do que o jogo – por conta tanto de uma coisa como de outra sonhei esta noite com pecinhas caindo, esperando um encaixe com outras.

O QUE É JEU?

tem a mesma origem que jogo, em português. Tanto numa língua como na outra, são muitas as definições: atividade livre e desinteressada, diversão, passatempo, distração; competição, organizada em regras, com objetivos e prêmios; série de elementos que formam um conjunto; a maneira de jogar; etc.

A primeira definição em francês para jeu não equivale a jogo, mas a brincadeira. O mesmo, me parece, acontece com o espanhol jugar.

E não encontrei palavra de mesma raiz e de mesma história em francês: brincadeira vem de brinco, jóia, enfeite; vem do latim vinculum: aquilo que cria laços, relações, ligações, que prende uma pessoa a outra.

PORQUE PRIMEIRO

de tudo, o título atraiu, essa expressão aparece num texto; pareceu algo próximo.

Depois, para ajudar, veio um comentário: teria muito de mim na personagem. Então eu estava vendo na Binoche um eu possível, que não sei ver.

Tanto faz se a personagem é um eu inventado ou corresponde exatamente a quem eu sou.

Terminado o filme, todos ganhamos, acertando em cheio no que não se sabe.

ERA UM ALMOÇO

num sítio, talvez essas reuniões de fim de ano; casa de pessoas que eu não conhecia. Mesmo a pessoa que tinha me convidado não era muito próxima. Antes de comer, podíamos jogar wii. Oba! Mal começamos, já chamaram para comer, ok. O menino que ia jogar comigo quis levar os controles para a mesa. Ele jogou uma partida do jogo enquanto comia. Na partida seguinte, resolvi eu fazer o mesmo.

O jogo era uma competição entre dois exércitos dos soldados do Star Wars. Em vez das armas, eles deveriam matar os outros com dois golpes: acertar uma bola de tênis e dar um soco.

Quando comecei a jogar, me atrapalhei e matei dois soldados do meu time. Mas não morri, como em outro sonho de guerra. Continuei o almoço pensando em táticas para melhorar nos socos.