EU FALAVA DE FOME

num post de 20 de agosto de 2008, no colher:

ESTOU COM FOME

mas como muitas vezes ultimamente, tenho achado comer uma tarefa, uma obrigação.
É o que diz na Bíblia: comerás o pão com o suor do teu rosto. Ai.
Não… Realmente há coisas muito legais de se comer, falafel, salmão, sorvete, leite de soja com polpa de fruta, sopa de mandioquinha no frio… a lista seria imensa. E como eu não consigo fazer listas, priorizar coisas, já viu. Será por que eu escrevi falafel antes de qualquer outra coisa quer dizer que falafel é minha comida favorita? Sei lá, talvez não. E por que não?
Enfim, algumas vezes acho triste comer. Ter que comer sem ter opção, brownie, cookies, croissant de dois queijos. E por aí vai.
Fico em alguns momentos como esse pensando se houvesse a possibilidade de não precisar comer para viver (a gente poderia pagar uma mensalidade no lugar, algo do tipo) eu a escolheria.

Eram 23h41 da noite, uma quarta-feira. Possivelmente eu estava preparando aulas, lendo, estudando na frente do computador. Aí deve ter surgido a ideia de escrever sobre isso — era uma situação comum naquela época. Trabalho, estudo, fome.

Muitas vezes era uma “fome de doce”: eu deixava ao meu lado barrinhas de cereal, chocolate, goiabinha. O açúcar dava uma energia para ler, corrigir provas, pesquisar atividades para aplicar em sala de aula. Num outro post, eu chamava isso de “comida utilitária” — porque tirava a dor de cabeça e trazia coragem para as tardes na faculdade. Houve uma época em que todo santo dia eu precisava de um tablete de chocolate — pequeno ou grande, ele fazia parte do cotidiano.

A fase final de escrita da dissertação, em que se passa madrugada adentro na frente do computador, enfrentei com chiclete sem açúcar e, em momentos de necessidade, bebida energética. O gosto dos red-bulls da vida não me agrada, mas era preciso encontrar alguma fonte de energia, novamente.

O que parece, lendo e relembrando essas coisas agora, é que havia uma mistura de prazer nas guloseimas, mas também uma relação de dependência. Sem elas, batia o sono, vinha a dor nas têmporas.

Eu falo da fome ali em 2008 como uma obrigação: comemos para nos mantermos vivos. Era difícil encontrar boas opções de comida — achava realmente triste, na correria da rotina, ter que comer o que a lanchonete da faculdade oferecia, os brownies e croissants… Sobrava pouco tempo para preparar comida em casa, levar marmita para o trabalho, comprar frutas?

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Minha fome mudou muito com a gravidez. Naqueles meses, eu tinha fome de “comida de verdade”. Quem me conhece percebeu a diferença. Eu queria prato feito, arroz, batata, legumes, peixe — coisas que sempre gostei, mas não priorizava.

Confesso que também tinha aquela fome que se assemelha mais à ansiedade: fome de madrugada que me fazia levantar da cama, caminhar até a cozinha e procurar algo na geladeira. Ela também aparecia em alguns momentos nos primeiros meses do Francisco. Bom que foi se esvanecendo, que atualmente estou tentando identificar o tipo de fome que tenho.

Ano passado fiquei uns meses sem consumir nada que contivesse glúten, açúcar ou derivados de leite de vaca. Foi uma boa experiência. Difícil, porque precisei pesquisar e fuçar muito as opções de comida. Maravilhoso, porque me forçou a descobrir mais sobre alimentação e sobre mim mesma. Pude observar as reações do meu corpo como também minha relação com as outras pessoas — pois comer é uma atividade social.

Aos poucos, fui reintroduzindo alguns alimentos. Depois passei outros meses somente com alimentos de origem vegetal. Neste momento, estou me alimentando de um pouco de tudo. Mas evito ao máximo açúcar e farinha, visto que são ingredientes que comprovadamente não fazem bem à minha digestão e à minha saúde — meu estômago, minha cabeça e até meus dentes dão sinais quando como coisas como uma pizza, um pedaço de chocolate ou um bolo.

Futuramente, quando não estiver mais amamentando, pretendo tentar o jejum. Por ora, vou praticando a temperança. E buscando escutar melhor minha fome.

AS FRALDAS DE PANO, UM ANO E MEIO DEPOIS

continuam sendo utilizadas na grande maioria das vezes. Excepcionalmente, o Francisco usa fralda descartável — em dias que ficamos muito tempo longe de casa, dentro do carro, por exemplo. Era algo que a gente não fazia no começo, mas que fomos pouco a pouco cedendo: sim, as fraldas descartáveis são bem mais práticas e não exigem uma troca tão frequente. De toda forma, preferimos ainda as de pano.

Alguns pontos devo assinalar: as fraldas de pano têm uma durabilidade menor do que esperávamos. Por volta do primeiro aniversário do Francisco, sentimos a necessidade de renovar um pouco nosso kit de fraldas e capas de pano. Percebemos que elas já estavam gastas. Afinal, todo dia eu devia lavar uma máquina com fraldas e roupinhas. É natural que elas já estivessem velhinhas. Da quantidade de fraldas que compramos no início (post aqui), a metade foi renovada. As fraldas noturnas, sobretudo, tem uma vida útil mais curta do que as outras, provavelmente porque recebem uma quantidade maior de xixi…

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Um ano atrás praticamente, no primeiro post sobre o assunto, eu já me perguntava como seria lavar a fralda suja de cocô, depois da introdução alimentar. Isso porque cocô de bebê que mama exclusivamente leite materno é uma coisa simples, quase sem cheiro, bem líquida. Aos poucos, as fezes vão mudando e adquirindo consistência. Na maior parte das vezes, a limpeza é simples: o cocô se descola sozinho do tecido, jogo-o direto no vaso sanitário — o Francisco dá tchauzinho pro cocô e dá a descarga (eu o subo na tampa do vaso). Mas não é sempre uma maravilha. Há contato direto com as fezes e isso necessita uma boa limpeza posterior.

Eu também mencionava o desfralde. Com um ano e meio, por enquanto, o Francisco sinaliza, vez ou outra, que faz xixi ou cocô. Estamos bem no comecinho do processo. Quando temos oportunidade, deixo-o sem fralda, brincando pela casa. Também observa a mim e ao Marco indo ao banheiro, usando o vaso, dando descarga. Assim aos poucos ele vai percebendo como funciona. Mais importante de tudo é dar tempo ao tempo, passo a passo, aprender dia a dia. Possivelmente daqui um ano volto ao mesmo tema — ou até antes, vai saber!

BOLO DE LIQUIFICADOR

tem um preparo bem simples, rápido e o resultado agrada. Seguindo o caderno de receitas da minha mãe, ele leva:

  • 2 copos de açúcar
  • 2 colheres de sopa de manteiga
  • 3 ovos
  • 1 e 1/2 copo de leite
  • 2 e 1/2  copos de farinha de trigo
  • 1 colher de sopa de fermento

Bate-se açúcar, manteiga, ovos e leite no liquidificador. Essa mistura é acrescentada à farinha e ao fermento, numa tigela. Vai ao forno médio pré-aquecido por pelo menos uma hora.

Mas eu não queria fazer um bolo com açúcar, nem com farinha de trigo. Aí resolvi improvisar. O açúcar eu substituí por:

  • 1 copo de compota de maçã (tem a receita aqui)
  • 1 banana e
  • 1 copo de uva passa que deixei de molho na noite anterior.

No lugar da farinha de trigo eu usei

  • 1/2 copo de farinha sem glúten,
  • 1/2 copo de maizena,
  • 1/2 copo de coco ralado
  • 1/2 copo de aveia
  • 1/2 copo de arroz integral (de molho desde a noite anterior)

Adicionei noz moscada, gergelim, canela, cravo e cardamomo para dar um gostinho de especiarias. Assou por 1 hora e 15 minutos a 180 graus. Ficou assim:

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Bem gostoso, com um cheirinho bom tomando conta da casa — nem parece que não tinha açúcar, segundo o Marco. A minha ideia é criar ainda outras variações. Vou publicando aos poucos!

EU USAVA ÓCULOS

há um bom tempo. Por volta dos 10 anos de idade fui ao oftalmo e ele receitou óculos pra usar na escola, ler, ver filme. Escolhi uma armação tipo tartaruga. Depois larguei, fiquei um tempo sem usar até sentir falta deles, lá pelos 17 anos.

Meu caso era astigmatismo e miopia — fraquinhas as lentes. Mesmo assim veio uma época em que eu estava sempre de óculos. Tinha vezes em que dormia de noite e entrava no banho com eles. Tomei gosto pelas armações, tinha mais de uma, para ir variando o modelo.

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Chegou uma hora em que eles não estavam mais me ajudando. Marquei uma consulta para checar se eu precisava trocar as lentes. Estranhíssimo foi fazer o exame e nenhum grau de lente dar conta de me fazer enxergar as letras miúdas. Fui em mais de um oftalmologista. Ninguém sabia me responder o porquê disso. Até que o quinto especialista com quem conversei me aconselhou:

— Por que você não para de usar óculos durante uns meses? Acho que seus olhos se habituaram às lentes. E pode ser que elas não sejam mais necessárias. Ou então a miopia pode ter regredido.

Passei a usar os óculos só em alguns momentos, como ir ao cinema ou trabalhar longas horas na frente do computador. E depois nem isso. Ia ao cinema e os esquecia em casa.

Dois anos atrás, quando voltei a fazer aulas de direção, fiz outro exame. O resultado: vista sem problemas; não preciso de óculos.

Lembrei disso tudo ao ler uma passagem de “A doença como caminho”:

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Certamente, sem os óculos eu comecei a enxergar muitas outras coisas ao meu redor.