num sonho desta semana. No meio de uma paisagem marrom escura, surgia o sol laranja-amarelo. Rápido, ao lado, estava a lua, muito grande, com os seus desenhos na superfície. Só assim era possível distinguir o sol da lua. Porque os dois estavam com a luz muito parecida. Até dava pra desconfiar se o que acontecia não era o contrário – se não era o sol que refletia a luz laranja-amarela da lua.
Mês: janeiro 2011
MAIS DEMOLIÇÕES
na rua Paim: duas casas e um galpão, vazio faz muitos anos.
As duas casas reuniam muitos moradores. Essa com pastilhas coloridas tinha uma lojinha de aparelhos eletrônicos, locadora de DVD e venda de pamonha (até uma época foi aberta ali uma loja de produtos de milho). Da casinha branca ao lado só está de pé a fachada. Já o galpão tem um estilo que destoa de qualquer outra construção da rua.
AS AVES
variam muito de forma, cor e comportamento: há as pequenas e iniciantes ainda, que piam baixinho, mas sem parar – meio tronchinhas, não controlam todos os movimentos; as maiores são mais esbeltas, já muito hábeis na técnica de voar, sabem a hora de gritar, espiar de longe e caçar.
ERA UMA VEZ
uma menina que escrevia; ela passava o dia todo pensando nas histórias que ia contar aos amigos: os passeios, os sonhos que ela teve com eles, com personagens de outras histórias, com diretores dos filmes que iam ver no cinema, matando aula; juntava desenhos que encontrava por aí, fotos e cartões postais perdidos no meio dos livros que ela espanava nas estantes; salvava imagens de sites perdidos na internet.
Ela tinha um jeito de escrever que não existe mais – diz um leitor, que sabe de cor um texto dessa menina, que ela mesma desconhece; texto lindo esse, que ele não consegue mais encontrar em lugar nenhum.
PÃO COM MANTEIGA E MEL
foi uma mistura que me falaram hoje de tarde; cheguei em casa e fui logo testar; a manteiga da foto é a normal, em tablete, mas pode ser com manteiga de garrafa, ou aquela indiana; aprovado; vai substituir geleia e nutella durante um bom tempo!
(justo o mel, que já apareceu aqui em outra mistura)
ESTAVA NUMA ALDEIA
como a do Astérix, devastada pelas enchentes dos últimos dias. Uma professora tinha um castelo por perto, dava instruções a todos. Fiquei encarregada de enviar uma mensagem para um povoado vizinho (ou seria realmente num acampamento dos romanos?).
Peguei uma biga; os cavalos estavam muito desorientados; ficamos travados na lama; depois deslizamos tão facilmente no chão molhado que perdemos o controle e batemos numa árvore.
EU FIZ LISTAS
de coisas a fazer, assuntos para conversar, datas importantes para lembrar, leituras, filmes, lugares para conhecer, alguns pedaços de música; mas de nada adianta: o que sai na hora é imprevisível.
Há também uma lista de regras que eu mesma me coloco, uma pequena disciplina para coisas simples do cotidiano: coisas que eu devo fazer todo dia, outras coisas pra não fazer sozinha. Elas valem durante um tempo. Por que deixo essas regras de lado?
Das duas uma: ou não sei fazer listas, ou não sei como segui-las – ou vai ver é assim mesmo que as listas são.
O PRIMEIRO QUE DISSE
tem o talento de conquistar bem aos poucos, de esconder história atrás de história, de fazer com que os personagens mais escondidos apareçam e cativem; por isso todos são coadjuvantes e ninguém é coadjuvante (são balas perdidas, como o título em italiano); tanto que não se sabe (como nos filmes bons assim) de qual deles você gostaria de ficar mais perto, sentar ao lado na mesa do jantar, dançar no baile, conversar para fazer perguntas no fim do filme.
INDO PRA ESCOLA
eu não gostava de chegar antes de o portão abrir; me desagradava a possibilidade de ficar parada no meio dos colegas, separada do restante, sem ter com quem falar. Então eu descia do ônibus uns dois pontos antes, na esquina com a Veridiana, e ia o resto do caminho a pé. Era o tempo exato para a entrada.
Ainda faço isso em algumas situações; pego o caminho mais longo, desço antes, invento um trajeto alternativo para chegar na hora – nem antes nem depois.
DOIS LUGARES
que poderiam aparecer nos meus sonhos; cheios de escadas, níveis que olham para outros, corredores e surpresinhas; que dão vistas para o pôr-do-sol.
gasômetro
fundação iberê camargo