faz parte da minha rotina: passo por lá quase todo dia; é uma das melhores vias de acesso para chegar em casa. Ela sempre foi mal falada. Há ali um treme-treme e, a caminho da Frei Caneca, inúmeras casinhas, que reúnem muita gente. O pessoal no fim-de-semana põe a cadeira para fora de casa, os bares tocam música alto, as crianças jogam bola no meio da rua, o lixo se acumula nas calçadas.

Eu poderia elencar só inconvenientes, mas não. Muito tempo conhecendo e morando por perto, vejo que as pessoas vivem muito próximas. E há muito tempo ali, construíram laços. Assim como eu vejo muita gente que cresceu lá, também devem perceber que eu passo por ali faz muitos anos.

Ultimamente, com o crescimento da região, algumas casas começaram a ser demolidas. Empreendimentos que já se generalizaram na Frei Caneca, depois do shopping, chegam agora mais para baixo. E ameaçam toda uma vida dessa rua, barulhenta mas amigável.

Nessas casinhas, além de residências, há toda uma quantidade de serviços: um senhor que conserta bicicletas, uma costureira, três bares, uma casa do norte, uma lojinha de produtos variados (vassoura, brinquedos), uma pizzaria, uma loja de materiais eletrônicos usados (com minilocadora de dvd), uma senhora que vende pamonhas, outras pessoas que vendem churrasquinho, um barbeiro, uma marcenaria, uma loja de roupas…
No lugar disso tudo, só portarias de prédios?
Já não há mais: uma padaria (a mais perto? na Frei Caneca somente…), uma fábrica de ar-condicionado, uma banca de revistas, uma papelaria, uma loja de produtos para festa, um restaurante típico italiano, o Posilippo. Onde vai subir um prédio tempo havia, faz dez anos, uma granja que vendia galinha caipira. Será que a casa branca, onde hoje funciona a farmácia, vai continuar por lá?

Não lembro se outras vezes a rua se decorou tanto para a copa. Com que cara estará a Paim na copa seguinte?
