NÃO USAR DESODORANTE

parece algo impensável — como assim? Controlar a transpiração e o odor de suor seriam coisas imprescindíveis para a vida em sociedade. A higiene é prioritária: tomar banho, lavar os cabelos, estar limpo. É engraçado como nossa cultura brasileira ressalta muito bem isso. E mesmo o confronto com os hábitos europeus dá o que falar. Convivendo com alguns franceses, dentre as amizades ou no ambiente de trabalho, sempre rolavam alguns comentários e risadinhas por conta do mau cheiro dos estrangeiros que não se lavavam.

Pois é, estou tocando numa questão cultural bem vasta… que na verdade não é o tema principal aqui. Meu ponto é falar do que vivi, no meu corpo. Faz uns anos, eu comecei a transpirar com mau cheiro, mesmo usando desodorante. As roupas pegavam o cheiro. Era incômodo, estranho. Perguntei ao homeopata. Surgiu a ideia de deixar de lado o desodorante. Provavelmente minha pele já estava saturada desses produtos químicos, precisando liberar as toxinas, limpar-se. E o desodorante dificultava esse processo. Comecei a ler na internet todo o perigo dos desodorantes para o sistema linfático, inclusive a relação entre eles e o câncer de mama. Como paramos tão pouco para pensar nesse assunto?

Uma professora velhinha me disse que na sua juventude não existia desodorante, nem toda essa enorme variedade de cosméticos. Minha avó também nunca se depilou. Num curto espaço de tempo, de uma geração pra outra, nossas prateleiras se encheram desses potinhos, bisnagas e sprays… e se tornaram praticamente um dever.

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Meu marido é uma exceção na sua família, nunca quis usar desodorante ou perfume. Ele tem um trabalho braçal. Transpira. Mas, surpresa, não cheira mal como uma pessoa que usa desodorante normalmente mas esqueceu de passar um dia.

Tudo isso foi se juntando na minha mente. Ao mesmo tempo, comecei a ler várias outras experiências de gente que pretende abandonar os cosméticos industriais, optando por alternativas naturais.

É claro que passei por situações engraçadas. As pessoas próximas foram percebendo minha mudança de cheiro. Mas é um assunto delicado de abordar… então já ouvi que me “tornei europeia”, coisas do tipo. Entendo. Eu mesma tinha dificuldade de contar o que acontecia comigo. Tentava vários desodorantes mas minha pele recusava com um odor indisfarçável.

Até que encontrei uma singela solução que está sendo uma maravilha — sumo de limão. Espremo uma metade de limão e passo nas axilas, com a ponta dos dedos. Simples assim. Limão é forte, por isso não é bom usar quando se vai expor a axila ao sol, bem como os dias de depilação. Funciona que é uma beleza.

O que sobra do suquinho de limão eu bebo com água morna e sal do himalaia, em jejum, ao acordar.

Tem gente que usa outros produtos, como bicarbonato de sódio, leite de magnésia ou óleo de coco. Cada corpo tem a sua resposta, é preciso ir testando e observando os efeitos.

Fui atrás de desodorante sem alumínio, comprei um da weleda; é bonzinho, mas não tão eficaz e levinho quanto o limão. De toda forma, aqui tem umas dicas. E aqui mais outras.

Enfim, o limão entrou para minha lista de cosméticos e produtos de limpeza, assim como o óleo de coco, o vinagre branco e a cúrcuma, como eu já contei. Em seguida, quem sabe, encontrarei um substituto para o shampoo… veremos!

AS UNHAS DAS MÃOS

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normalmente são assim, cortadas bastante rente. Durante muito tempo, considerava que tinha unhas fracas. Elas não cresciam o bastante. Quando estavam já um pouco longas, quebravam. Eram muito finas, assim como as cutículas. Por isso, sempre nutri aversão por manicures. Com uns quinze anos, fiz mãos e pés num salão de beleza. Saí de lá com os dedos doendo, por conta das cutículas retiradas. Em alguns dedos saía um pouco de sangue.

Mesmo sem ir a manicure, tive fases em que pintava as unhas, em casa, sozinha, poucas vezes com ajuda de mais alguém. O ex uma vez pintou umas bolinhas vermelhas. Ainda assim, elas continuavam curtinhas e mexia o mínimo nas cutículas. Dá pra ver um exemplo da minha unha esmaltada segurando um pedaço de pão — uma das últimas vezes que pintei a unha, com esmalte opaco.

Ano passado, uma das unhas ficou bem fraca. Talvez fosse sinal de falta de vitaminas, devido a gravidez e a amamentação. Fui ao médico — ele viu que estava com vitamina D, B12 e ferro baixos. Melhorou muito agora.

Então venho tentando deixar as unhas longas. Só que elas chegam num comprimento que me incomodam. Eu me arranho sem querer. Aí só me resta cortá-las, como hoje, nessa foto. E esperar, daqui algumas semanas, para ver se aceito melhor minhas garras mais longas.

EU QUERO AMAMENTAR

é o título de um rascunho de post que ficou engavetado por bastante tempo; é um daqueles textos que não se preenchem. Ficam apenas palavras-chave e pedaços de frase pendentes, balançando ao vento.

Pois bem. Eu na época também escrevi outro post sob a mesma forma, em tom de pergunta — “você quer um parto normal?” Nele, eu contava o que fiz para consegui-lo: me informei, aprendi muitas coisas e procurei uma casa de parto. Cada mulher tem a sua busca pessoal. Infelizmente, compreendo que as coisas muitas vezes fogem à nossa vontade. Tem momentos em que querer não basta. Por isso até finalizo com o caso de Adelir, submetida a uma cesárea indesejada — assim como acontece, lamentavelmente, com muitas mulheres. Há iniciativas para mudar esse panorama (aqui e aqui).

Algo semelhante acontece com a amamentação. Falta apoio e informação à mulher que deseja amamentar. As mamadeiras e chupetas mostram-se mais práticas, garantem mais independência, mais controle sob o peso, etc. etc. Expor o peito em público é um tabu. Enfim, a lista dos contras é longa.

Ocorreu a semana do aleitamento materno, no começo de agosto. No momento circularam muitos textos. Esse aqui é um dos melhores, porque expõe claramente que não é nada fácil superar os obstáculos ao redor — e dentro de nós mesmas.

Já são dois anos que dou de mamar. Vivo momentos lindos, junto com o Francisco. Nada se compara a essa conexão que mantemos, ele e eu. Vai além do alimentar. É uma nutrição integral. Imagino, obviamente, que mães que não amamentaram criam elos emocionais com os filhos de outras maneiras.

Ainda sobre o texto da Letícia Penteado, reconheci ali um pouco dessa tensão, temporária, ao dar de mamar. Para mim, acontece mais no período pré-menstrual, já conhecidamente cheio de instabilidades emocionais. Aproveito para rever minhas posições. E também para ir criando outros laços com o Francisco. Penso num desmame bem lento, gradual. Por isso, tento restringir o que antes era livre demanda. Fora de casa, por exemplo, não dou mais o peito. Se ele precisa de consolo e amparo meu, encontramos outra forma. Ele tem entendido bem, por mais que não seja fácil. São os nossos desafios dessa fase.

Parece que vislumbramos algo de novo à frente. Francisco sabe que está virando um menino. Vê outros bebês menores, crianças maiores. A gente vai tentando se encontrar, descobrir-se em meio ao mundo. E assim vai…