ERA UMA FESTA DE HALLOWEEN

numa república. Conhecia pouca gente por lá. Logo me enturmei e estava papeando numa rodinha. O tempo passa e quando me dei conta estava sozinha conversando com um cara que fazia geografia. Bonitinho, simpático, falador. Ele pesquisava sobre pedestres. Achei demais o tema — era algo que eu mesma gostaria de estudar!

À conversa se seguiram beijos e abraços. No fim da festa, queria ir embora comigo. Morava bem longe, com os pais; precisava esperar o metrô, depois pegar ônibus… Eu estava a poucos minutos a pé de casa. O que fazer?

Resolvi levá-lo para passear nas redondezas. Augusta, Paulista, Brigadeiro, Bixiga. Percurso improvisado, passos calmos, pausas aqui e ali. Quando o sol já estava chegando, tomamos um café perto da Câmara. Próximo ao Anhangabaú nos despedimos com telefones trocados — ele, cheio de promessas de reencontro, dizia-se fascinado com a minha ideia de ficar perambulando pelas ruas do centro.

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Mas talvez não tenha sido assim tão maravilhoso como ele mesmo repetia. Convidei-o outras vezes, porém havia sempre alguma desculpa: — “é fim de semestre, deixa pra depois; estou super atarefado”… Tempos depois descobri que ele me contou coisas que não eram verdade. E fui percebendo que os elogios que recebi poderiam ter sido só um artifício de paquera — e que não eram de coração.

E assim foi essa pequena história da moça que quis se vestir de bruxa e levou um moço de longe para passear pelos labirintos de um território que ela conhecia tão bem. Foi passear, procurando quem tivesse disposição para acompanhar e descobrir novas estradas.

DUAS FESTAS

uma dia 17 de agosto; essa bem-sucedida, Karen e eu organizamos outra, em novembro, dia 23.

A primeira queríamos que fosse inovadora: talvez a primeira festa dos anos 90 depois dos anos 90. Esforço do grupo de amigos em lembrar das músicas da década anterior, com bem menos recursos na internet do que hoje. A segunda era à fantasia, com tema dos personagens de desenhos, principalmente. Todo o trabalho, o tempo e as andanças para achar um lugar, salão, casa ou algo parecido, alugar por uma noite, ir comprar bebidas onde fosse mais barato, equipamento de som e luz, fazer um convite legal, retocar as imagens com os meios amadores que tinha, colar cartazes por aí, fazer lista de emails. Depois: limpar tudo, e ver o que ainda hoje sobrou.

ESTAVA NO KOWEIT

(com essa grafia mesmo, por mais que pessoalmente eu prefira Kuwait). Um guia me acompanhava, um senhor muito alto e magro, vestido com roupas típicas, de cor roxa. Simpático, explicava como tudo funcionava. Eu andava com um xale nas mãos, e perguntei a ele se eu devia cobrir minha cabeça, meus cabelos, como as outras mulheres. Ele me respondeu que não precisava, mas me deu uma razão prática para se cobrir: eu não precisaria me preocupar com o visual do meu cabelo, se estava bem cortado ou penteado. E as estampas dos lenços e xales são sempre mais bonitas que os cabelos… – não lembro o que fiz com esses argumentos.

Continuamos andando e vimos à direita uma mesquita, que alguém chamou de ‘igreja’ e eu corrigi. Logo ao lado, uma grande tenda, onde pessoas comemoravam um casamento, dançando em círculo. E, ainda pertinho, um supermercado, onde tranquilamente as pessoas faziam suas compras, ouvindo os sons da festa de casamento.