UMA LISTA DE CHÁ DE BEBÊ

que eu fiz, a pedido de uma amiga, logo no começo da gravidez. Muito carinhosamente, ela agitou um chá de bebê, mesmo que eu tivesse receio com esse tipo de festa — na verdade, cada dia que passa vou me dando conta que não tenho muita afinidade com organizar festa, ou ser anfitriã…

Depois de ter escrito dois posts sobre o assunto — aqui e aqui — , lembrei-me dessa lista, à qual adiciono uns comentários.

— Wrap, cueiro, sleepy bag: foram os primeiros itens; curiosamente, não os ganhei, não fui atrás; simplesmente não foram necessários. Eu pensava que enrolaria o Francisco num cueiro, para acalmá-lo e fazê-lo dormir tranquilo. Tentei uma vez e ele reagiu mais nervoso ainda! Deixei a ideia de lado (no post “antes eu achava que” falo disso).

— Termômetro para banho: outra coisa que não ganhamos e não sentimos falta. No começo a gente media a temperatura com aqueles termômetros normais, para a água do balde. Depois que passou para o chuveiro, a gente regula a água no corpo mesmo.

— Manta: fiz uma de crochê; ganhamos outras, várias, lindas. Tipo de coisa que sempre serve.

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— Óleo de massagem: importantíssimo, para fazer shantala, hidratar o corpo, relaxar.

— Gel para pernas e pés: não precisei, ainda bem. No calor, eu me aliviava lavando os pés com água fria.

— Concha para seios: só depois de fazer a lista, soube que conchas não são recomendadas. Anti-higiênicas, podem trazer fungos e fazem o seio produzir leite em excesso. Protetores de pano são o ideal, na minha opinião, como já disse antes.

— Escova e pente: Francisco nasceu carequinha e ainda não tem cabelo suficiente para usar. Estão na gaveta.

— Babador: toda vez que eu coloco babador, Francisco tira. Resolvi amarrar panos de boca. E não é que ele preferiu?

— Almofada de amamentação: ajuda muito no início, mas precisa ser de boa qualidade, firme. Ganhamos uma que não era tão confortável, depois compramos uma melhorzinha.

— Livros e CDs: ganhamos uma boa seleção. São itens prioritários para a gente! Além dos livros de pano e plástico e dos CDs de música de dormir para o Francisco, Shantala, A maternidade e o encontro com a própria sombra, Parto ativo foram algumas das minhas melhores leituras da gravidez. Até porque não precisamos cuidar só do enxoval — eu diria até que as roupas e acessórios são secundários, frente à importância de preparar o espírito para a chegada dx bebê. Nada melhor do que ler e escutar boas coisas!

SHANTALA, DE FRÉDÉRICK LEBOYER

é um dos livros que mais me fizeram chorar. Lembro que li na cama, deitada, numa tarde de sol. Talvez fosse sábado. Devia estar no quinto mês de gestação. Emocionei-me além do que esperava.

Isso porque Leboyer — renomado obstetra francês, que mudou a percepção do parto, junto a Michel Odent e outros — não está somente explicando os passos da massagem para bebês que leva o nome de Shantala, moça indiana que ele encontra em Calcutá. O livro fala sobre a passagem dos bebês do meio uterino ao nosso mundo. Fala também da relação que podemos construir com os bebês: toques, abraços, afagos e carinhos conduzem mãe e bebê numa trajetória de mútuo autoconhecimento.

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O corpo do bebê, massageado, recebe conforto, tranquilidade e segurança. As mãos que massageiam aprendem a delicadeza e a força de que se constituem os bebês. Ambos dão e ambos recebem.

Como já adiantei em outro post, comecei a fazer massagens no Francisco desde as primeiras semanas. Mas nunca segui os passos da shantala rigorosamente; quando tentava, não funcionava. Interrompia porque o Francisco queria dormir ou mamar. No fim das contas, fazemos uma massagem nossa, seguindo nosso próprio ritmo.

O mais importante para nós foi seguir o princípio daquilo que a shantala transmite: contato pele a pele, reverência pelo bebê…

Leboyer fez um filme com Shantala e seu filho. Pela internet afora, é possível encontrar quem explique os movimentos da massagem. Pessoas oferecem cursos e oficinas também. Ainda assim, nada se compara à leitura da escrita muito rica e poética que Leboyer nos dá.

ANTES, EU ACHAVA QUE

ovonovo_-10— o Francisco dormiria no berço; mas Marco e eu, em pouco tempo, sentimos que era muito mais bonito que ele ficasse do nosso ladinho, na cama mesmo; foi a melhor mudança que fizemos (textos legais sobre cama compartilhada aqui e aqui; recomendações e cuidados, aqui)

— eu enrolaria o Francisco num cueiro, para ele dormir todo aconchegante e apertadinho, como no útero; mas, da primeira vez que eu tentei, ele reagiu com tanta força que deixei a ideia de lado (recomendo que se leia sobre exterogestação; faz todo o sentido e ajuda os bebês na transição dos primeiros meses: aqui, aqui e aqui).

ruído branco ajudaria a acalmar os momentos de mais desconforto; afinal, o barulho do sangue pulsando dentro de mim, que ele ouvia continuamemte antes de nascer, é um ruído branco; tentei algumas vezes e não vi um efeito que me fizesse adotar a prática; dormimos ouvindo música: Ayo, Mayra Andrade, Cesária Évora, Lambchop, Nick Drake, Balaké Sissoko, João Gilberto, Beck, qualquer coisa calma.

— o sling de argolas seria meu preferido; mas não me acostumei com a argola, a todo momento preciso ajustar e nunca fica bom; estou usando muito o pouch, tanto em casa como na rua (meus posts sobre slings aqui).

— usaríamos o balde para dar banho; no começo foi uma maravilha, mas o Francisco cresceu e não queria mais ficar lá dentro; faz uns meses o banho é de chuveiro mesmo: Marco o segura e eu vou lavando; ele ama.

— eu não daria de mamar na posição deitada, por receio de dormir e me movimentar; pois essa é a nossa posição preferida! e mesmo que eu durma, não me movo; dizem que é um instinto da mãe, coisa que eu acredito; é lindo, selvagem, ajuda a descansar, ideal para amamentar de madrugada; só é preciso controlar sempre que possível a pega — como sempre, aliás.

— eu faria shantala todo dia, seguindo todos os movimentos; mas, como Francisco não reagiu bem das primeiras vezes, eu faço uma massagem própria nossa, quase toda concentrada nos pés, o que ele prefere e curte. Ainda vou escrever um post sobre o livro “Shantala”, emocionante relato do Frédérick Leboyer, que recomendo muito. Um bom guia sobre shantala: aqui.

A lista poderia continuar. Há sempre algum plano, sonho ou ideia que muda totalmente no momento em que colocamos em prática. E não estaria no imprevisível a graça de ir vivendo e aprendendo sempre?