ACABOU DE SAIR ESSA SEMANA

a lista dos dez ganhadores do prêmio Landfill, que escolhe as invenções tecnológicas mais inúteis do planeta: aquelas que não valem o uso de recursos naturais, os combustíveis empregados para a fabricação. Os criadores do prêmio, especialistas no assunto, querem mostrar que há muita coisa desnecessária, muitos gadgets ridículos que só poluem o mundo.

Pois então, é legal ver que o ganhador é um cone de sorverte movido a pilha, que gira sozinho, evitando o desperdício de sorvete. Já está esgotado o produto, não adianta querer comprar.
Além disso, tem coisas como:

– uma capa de assento de avião personalizada, para evitar de se contaminar com os micróbios dos passageiros anteriores; “plane sheets” me fez lembrar de “The Italian man who went to Malta”, que coloco aqui para quem ainda não viu;

– um camaleão com entrada usb que não muda de cor;
– um garfo motorizado para girar o espaguete, só que ele é mais lento que a força humana; quem sabe se fosse uma colher motorizada… ahah;
– um navegador gps para o banco do passageiro, para que a sogra pare de encher o saco dizendo qual caminho é melhor seguir – isso é realmente um argumento no site que vende o produto!

No entanto, há também Wii Fit, no sexto lugar e Guitar hero, no sétimo.
Ora essas… colocaram na lista duas coisinhas que gosto tanto. Wii Fit é meu sonho medíocre de consumo, e Rock Band, variação de Guitar hero, é a coisa mais legal de se fazer na casa da Karen. Eles argumentam que para se exercitar, basta sair na rua e para tocar rock, existem os instrumentos de verdade. Se fosse assim, quantas coisinhas simulam outras “coisas de verdade” teriam que entrar na lista também, hein?

COMO TODO COMEÇO DE ANO LETIVO

tive sonhos cujo assunto principal são aulas, colegas professores, alunos antigos e novos. Já sonhei outras vezes que dava aula de alemão sem saber nada do que estava fazendo, em outro só um aluno tinha entrado na sala, constrangido, sem termos idéia de onde estavam os outros… a maior parte desses sonhos traz situações ruins.
Essa noite foi repleta de coisinhas novas, mas mais do mesmo no fim das contas: eu perdia hora para dar aula, porque ficava sem razão em casa, meu pai chamando para ir ao cinema; eu tomava banho e conversava com colegas no banheiro, um deles tentava entrar no banheiro e eu ficava brava. Estava no ônibus na avenida Europa, uma vizinha do prédio muito simpática me liga querendo aula, eu aceito (nem lembro quem ela é), ela diz que preparou um presente pra mim.

Esses sonhos me preparam na marra, de uma certa maneira, ao ritmo das aulas, do imprevisto constante, da firmeza que se deve ter – até o fim do semestre e o recomeço das férias.

PORQUE HOJE É SÁBADO, PORQUE HOJE É CARNAVAL

ou por qualquer outra razão, sonhei que estava no Rio de Janeiro, passando pelo sambódromo que é bem pequeno, se formos comparar com as imagens da rede globo. Sílvia, uma ótima carioca que conhecemos lá, deu a resposta para essa diferença de tamanho: é que eles filmam os desfiles em grande angular. Pode ser. Não entrei no sambódromo, mas achei muito pequeno, mesmo que simpático, ali num cantinho em direção ao centro.


Ao contrário do sambódromo, a confeitaria Colombo me parecia menor do que ela é, pé direito alto que só, grande até o fundo

E é o centro do Rio o que eu mais gosto de lá. Gosto muito do Rio, do pouco que conheço, queria ir mais e mais. Entrar por exemplo na Biblioteca Nacional. Quando viajei ao Rio especialmente para visitar a BN ela estava em greve.

No sonho, o Ciço ia viajar com a gente. Depois de passar de ônibus, rápido, em frente ao sambódromo, ficamos passeando no centro do Rio, vendo os inúmeros bob’s, sucos e mates. A gente comentava a supremacia do Bob’s na cidade, o que era bem visto, porque empresa brasileira (ainda é?). O Rei do Mate, que respeitamos também bastante. Aquele sanduíche tost é ótimo no custo-benefício, que acho que comi um no sonho.


Cine Odeon, por A. Cantuária

Ao redor e redor, o cine Odeon, as ruas frescas, de prédios novos ou antigos. Descobri perto da praça Paris um portal enorme, lindíssimo. Não deve existir de verdade. Era alto, imponente e delicado. De ferro, mas leve que poderia ser de madeira, com motivos florais orientais. Fiquei boquiaberta.


Era um sábado, que rua é não lembro mais

Depois o SAARA, que eu gostei muito quando fomos agora em dezembro, mesmo com muita chuva, milhares de guarda-chuvas abertos no entre-festas (passado o natal, a poucos dias do ano-novo).

O passeio do sonho com o Ciço foi lúdico, didático. Apontava para o alto o telhado da biblioteca nacional, era uma cúpula (ontem essa palavra apareceu numa das atividades de um livro de francês).


Os fundos da BN, por A. Cantuária

Aproveitávamos para escutar Maria Bethânia dizer que gostava muito do centro de São Paulo, mais alguém falar do centro de Curitiba. De isso se ampliar aos centro-da-cidade de todas as cidades, como Santos, que tem um centro gracioso, ainda com muito a descobrir.


Tiradentes, dezembro agora

Indo mais longe, centros históricos, como o de Tiradentes, ou como o de João Pessoa, que é simplesmente encantador; são dois lugares que passamos tão rapidamente que será impossível não voltar.


uma esquina de João Pessoa

Acordei com vontade de ver fotos e mais fotos do Rio, fotos de viagem, e entrando no meu flickr recebo a boa notícia de que uma foto minha de Lyon foi selecionada para ilustrar um guia na internet: schmap. E olha que eu postei a dita foto justamente para falar de um sonho que tive de Lyon.

ESSA HISTÓRIA TODA

de acordo ortográfico, além de movimentar a máquina editorial, as caras consultorias empresariais e dar assunto de conversa em quase todas as rodas (seja na fila do banco, seja no curso de Letras, seja no Jornal Nacional), faz as pessoas pensarem na língua ou não?

Penso nisso além de tudo porque fui ao Museu da Língua Portuguesa esses dias, ver a exposição do Machado (sempre Machado).

No acervo fixo do museu, aquela projeção de poemas, o de Gregório de Matos, muito bem interpretado e realizado com apuro visual, é o único que vem acompanhado da referência da época em que foi escrito: “século 17”. Isso porque seria facilmente confundido com um rap de hoje em dia?


do pouco que conheço, gosto dele, sabe…

Agora com as modificações do acordo, como ficam todas as apresentações fixas do museu? Terão que ser readequadas? Nossa, que trabalhão vai dar.

Não gosto muito das mudanças a que temos que nos submeter: como diferenciar a pronúncia de teia e ideia? Ai que triste…

Será que nessa correção o pessoal do museu vai alterar a grafia de caraoquê (na lista de palavras de origem asiática) para karaokê, como todo mundo usa? Fora o museu e o dicionário Houaiss, poucos são os que ousam escrever caraoquê. Caraoquê me lembra piteça, forma que um daqueles gramáticos doidos queria que fosse dada a pizza.

ERA UMA AULA

de francês chata, a professora parecia uma prof chata do senac, que usava sempre roupas da mesma cor de acordo com o dia da semana.
Eu era aluna, num grupo de 20.
Entramos no pensamento de um colega, que ficou se imaginando num carrão importado, uma mistura de carro antigo com novo, preto e conversível, andando por alguma cidadezinha histórica como Tiradentes, ao som de uma música que a prof colocou pra tocar. Ele se imaginou no vídeoclipe da música, que parecia um Charles Aznavour ou Yves Montand. Pelo cenário, pensei, poderia ser um clipe do Fagner ou Alceu Valença, protagonizado pelo ator João Miguel, que, soube agora, foi escalado para fazer o papel de Lula no cinema. Parece que ele recusou.

De qualquer maneira, achei João Miguel em Tiradentes.

Voltando ao sonho, me dou conta que a música em francês que a prof nos mostrou é It’s oh so quiet da Björk. A Björk então regravou, penso eu.

Começo a cantar do jeito da Björk, e de repente estou dando aulas particulares pra ela – não sei de quê, de francês? Ela está usando uma máscara que cobre o nariz e a boca, mas diz que não precisava mais usar isso. Ela está magrinha. A aula acontece num parque, como um zoo ou horto, vai ficando noite, escuro. Acho melhor terminarmos a aula. Ao sair do parque, crianças querem tirar a bolsa da Björk, ela dá uma bolsada na cabeça de uma menina, dizendo que ali tem o computador dela e ela não pode dar a bolsa. Os guardas soltam rojões e algumas crianças saem nadando, outras não.
Nós resolvemos pegar um táxi.

ALGUMAS COISAS RÁPIDAS QUE PRECISAM SER DITAS

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pensei ontem que uma das coisas que fazem a vida valer a pena, para mim, é contar e ouvir histórias.

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acho que não sou uma pessoa organizada, mas que gostaria de ser; quase sempre estou arrumando meu arquivo (aqueles cinzas de escritório), as estantes, os armários; não dou conta! jogo fora quilos de papel, para a reciclagem…

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consegui vender bem rapidinho um livro na estante virtual; achava que ia ficar lá por anos, mas dá certo! fica a dica.

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quem frequenta os cinemas da região da Paulista já deve ter visto um senhorzinho de bengala, gordinho e de cabelos brancos, foi ao festival de filmes de surf e ao noitão do hsbc; é alguém com quem vale a pena conversar enquanto o filme não começa.

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última vez que conversei com ele foi segunda passada, me deu dicas de como sobreviver ao mestrado, falou da letras durante a guerra com o mackenzie em 1968; imagina o que era estudar russo naquela época, com a ditadura começando a pegar pesado.

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a gente foi ver o documentário dos titãs na segunda, fiquei feliz e ao mesmo triste (o que já falei deles aqui explica porque feliz e triste)
– o tempo passa…