eu me deparei com várias imagens para descrever o parto. Seria como andar de montanha russa, depois de uma longa espera na fila. Ou então, seria como escalar uma montanha: é preciso muita energia e paciência. Como uma maratona, demanda preparação física e concentração.
Muita gente falava em ondas, como as do mar. Em outros relatos, falava-se em círculo de fogo. E mesmo em perda de consciência — que também pode levar o nome de partolândia… Foi somando essas e outras imagens, em tantos relatos e vídeos de parto que acompanhei ao longo da gestação, que fui me preparando. É por isso que acho necessário escrever o meu próprio relato, para informar e inspirar outras pessoas, sejam futuras mães e pais, sejam quaisquer outras pessoas.
Terça, 13 de agosto, fiz o que fazia normalmente nos dias anteriores: li, escrevi, ouvi música, tirei fotos do barrigão, saí pra passear, fizemos compras no supermercado. Fomos dormir. Acordei quando a bolsa se rompeu, pelas 3h30 da manhã: — Marco, a água! E justamente ele sonhava, naquele exato momento, com a bolsa estourando!
(parêntese: é algo curioso, pode ser somente uma coincidência, mas esse horário da madrugada, entre 3h e 4h era o momento em que sempre me batia uma fome, acordava e ia pra cozinha comer alguma coisa. É também o horário em que o Francisco se despertava e pedia leite nos primeiros meses.)
Tomei um banho; saía um pouco mais de água e sangue. Não percebi nada que pudesse se assemelhar ao tampão. Sob o chuveiro pensava: – nossa, mas agora é que tudo começa? é assim? já? A data provável era 20 de agosto, dali uma semana. Uma amiga havia sonhado que o nascimento era dia 16. Será que vai demorar mais de um dia o trabalho de parto? Dia 14 era justamente dia de mudança de lua, de lua nova para crescente; dizem que é propício a nascimentos…
Bem lentamente, sem qualquer stress, fui preparando as coisas pra irmos à casa de parto, que fica a uns 15 minutos de casa. A mala não estava totalmente pronta. E mesmo dentro do carro me dava conta de algumas coisas que tinha esquecido…
(aqui eu me lembro da calma super inspiradora de Erykah Badu, ao contar como se preparou para o parto de um de seus filhos; agradeço muito ao Cícero por ter me enviado esse vídeo)
As contrações vinham a cada 2-3 minutos, eram rapidinhas. Não sentia tanta dor — ou melhor, não sabia dizer o quão forte eram.
Chegando lá, a parteira de plantão me examinou e disse que o melhor seria voltar pra casa, tinha pouca dilatação e ela não sabia dizer se tinha acontecido uma ruptura grande da bolsa — ela apostava que tinha sido pouco, eu realmente não sabia dizer. Um primeiro parto pode durar muitas e muitas horas, isso eu já sabia. Por isso ela me recomenda tomar um remédio pra dormir. Eu muito raramente tomo remédio — e nunca tomei remédio pra dormir. Fico indecisa. Mas algo dentro de mim diz: — não! não tome remédio!
Ouvindo essa voz interior, recusei o remédio; a parteira insistiu algumas vezes, mas me mantive firme. Ela argumentava que eu precisaria de força pra encarar o trabalho de parto, que o melhor naquele momento era dormir para esperar contrações mais fortes.
Voltando pra casa umas 5h da manhã, me batia também a dúvida: será mesmo que era melhor tomar aquele remédio? Como seriam as próximas horas? Deveríamos retornar à casa de parto umas 10h30, para um novo controle.