— foi mais ou menos com essa ideia em mente que fui me preparando durante a gravidez. O nascimento dx bebê seria uma experiência única. Mesmo mães que passam por várias gestações dizem que cada um desses momentos são diferentes um do outro. Sentimentos, dor, medo: são todas coisas muito pessoais.
Por isso quase sempre sinto dificuldade em ajudar mulheres que me escrevem perguntando sobre gravidez e parto. Uma das coisas mais importantes é informar-se, na minha opinião. Mas cada pessoa tem seus pontos de vista. Há gente que prefere não ler ou pesquisar. Há quem dê mais confiança a um/a profissional do ramo.
Uma coisa me parece certa: a mulher pode se cercar dos profissionais mais qualificados — o parto acontece entre as suas orelhas, na sua cabeça. Cabe a ela, e a mais ninguém, dar conta das contrações e abrir caminho à dilatação. Por isso penso que chamar a responsabilidade para si é o caminho mais interessante. A gestante que toma consciência de seu papel estaria mais preparada para enfrentar a montanha russa e as ondas que a esperam no parto — inclusive os imprevistos, tudo aquilo que foge ao esperado. E pode encarar com mais coragem todos os desafios que virão pela frente. Digo isso pensando na minha vivência pessoal; cada mulher saberá o que é melhor para si.
Nessa minha relação entre o que escrevo e as pessoas que me lêem, eu preciso sempre estar atenta às fronteiras entre a minha experiência particular e a vida das outras pessoas. Se eu tive um parto natural, sem intervenções, rápido, foi porque aquilo era o que eu tinha para viver. Me dói o coração quando fico sabendo de algum caso de violência obstétrica, como foi a cesárea forçada de Adelir. Porém, não devo de modo algum impor o que para mim me faz feliz aos outros. Posso aconselhar, relatar, exprimir meus sentimentos. E sobretudo desejar o melhor para cada mãe e bebê. Mas é necessário, contudo, que eu tolere e não julgue — nem lamente — as diversas experiências da maternidade. Afinal, muita coisa nessa vida não acontece por acaso…