E foi justamente num deles que acabei redigindo essa resposta. Eu já pensava em escrever um post sobre isso. Assim, o que comentei serviu de base para o relato abaixo.
Eu tentava, no começo, argumentar seriamente com as pessoas que me desestimulavam a parir de maneira natural, amamentar em livre demanda e a longo prazo, carregar no sling, fazer cama compartilhada, seguir o BLW, dar uma alimentação vegetal e equilibrada. Mas depois percebi que poucas delas queriam realmente me ouvir. Mais ou menos nessa época, o Francisco estava com uns seis meses, descobri a “comunicação não-violenta”. Estou longe de ser uma especialista no assunto, mas me interessou muito dois pontos que o livro de Marshall Rosenberg levanta: — diminuir as expectativas em relação aos outros; — não devemos agradar a ninguém mais que nós mesmos. Um ponto está relacionado ao outro.
Olhando para a minha história pessoal, muitas vezes tentei agradar o mundo: sendo uma aluna boa na escola, por exemplo (isso ecoou muito durante a leitura de “Você é minha mãe?”, da Alison Bechdel). Como mãe, também faço o melhor de mim. Mas, ao contrário da aluna com notas altas, as coisas que eu faço causam desaprovação. Isso me frustra e eu fico com raiva desse pessoal que não concorda com as minhas escolhas.
Um dos passos, então, foi exigir menos do mundo. Ser menos exigente com a pediatra, por exemplo. Abandoná-la e procurar outro foi a melhor saída. Exigir menos de quem não quer se informar. Eu quero me informar, mas não posso pedir isso da cunhada. Se ela quer dar açúcar pra sobrinha, que eu posso fazer? Sofro por dentro pela menina, mas devo respeitar e tolerar a escolha alheia — assim como quero que me respeitem como mãe.
Uma amiga começou a circular o meme “cara de alface”. Let it be. Um comportamento meio budista. Não posso fazer nada pra mudar o mundo. Posso sim cuidar do meu filho. O que os outros pensam a respeito não é responsabilidade minha. Reclamar e criticar estava me distraindo do meu objetivo principal, eu estava perdendo energia e, pior, afetando minha saúde. Imagine se essa minha implicância começasse a prejudicar a saúde do Francisco? Não seriam as cólicas dos três meses uma demonstração de que temos dificuldade para digerir as impressões que recebemos de fora?
Ainda estou longe do que eu gostaria, ainda me irrito vez ou outra quando alguém vem me provocar. Mas aí eu lembro um pouquinho daquela frase do padre nosso “perdoai as nossas ofensas assim como perdoamos a quem nos tem ofendido”. Olho pro francisco, vejo como ele está bem e feliz, dou umas risadas e vou levando a vida.
Temos nossas fases e o combate tem sua razão de ser. Bom também é enfrentarmos os defeitos das nossas próprias escolhas. E ver que as pessoas falam nem sempre por maldade mas por falta de conhecimento…
Epílogo: dias depois de ter escrito isso, saiu esse post no cientista que virou mãe. E achei interessante como contraponto. Porque há a irritação com os palpites alheios — mas vivemos também o desgaste comum da vida de mãe, que busca quem a escute, compreenda e acolha.
hehe, porque rabiscos na parede são polêmicos ;)
Por que você escolheu essa foto?
vivendo e aprendendo todo dia! obrigada e beijo
oi Ana! sempre muito ponderada. este post caiu como uma luva. beijo