tornou-se um hábito logo nos primeiros meses de escrita no blog. Antes, que eu me lembre, talvez não fossem assunto tão recorrente dos meus diários e agendas. O interessante era contar aos amigos os sonhos que tive com eles. Tinha também sonhos com cenas de cinema, com o Almodóvar cortando meu cabelo, por exemplo, que também era engraçado passar adiante.
Fui muito inspirada pelo filme “Waking life”. Amava escutar a trilha sonora, da Tosca Tango Orchestra, enquanto estudava ou preparava aulas.
O cartunista francês David B. me influenciava também. Seu livro “Le cheval blême” era uma seleta de pesadelos que eu li repetidas vezes.
Tinha uma fascinação pelos surrealistas: Breton, Éluard, Aragon, a patota toda. Morria de medo da cena do “Cão andaluz”, em que se cortava um olho — era um olho de boi, e não de uma moça, mesmo assim dava agonia.
Também criava uma suposta relação dos surrealistas com Mário Peixoto e seu “Limite”. Eu tinha ganhado um VHS do filme e um livro com o manuscrito do roteiro.
Nunca fiz psicoterapia ou análise e li praticamente nada de Freud ou Jung. Fui empiricamente juntando referências e colecionando relatos de sonho, como por hobby, diversão — do mesmo jeito que escrevia sobre literatura, cinema ou música.
Faz uns anos fui me dando conta das mensagens que os sonhos me passam. Há temas e tipos de sonho mais recorrentes. Alguns deles antecipam o que há de vir. Tenho ainda muito o que aprender com eles. Basta me deixar levar, estar atenta ao que neles acontece. E escrever!