SEIS ANOS ATRÁS

encontrei, seguidas vezes, um velhinho no cinema — uma vez no belas artes, depois no antigo unibanco; até no ponto de ônibus na frente do MIS, voltando para casa (já escrevi sobre ele rapidamente, naquela época).

Ele vestia camisa e paletó, apoiava o corpo pesado com uma bengala. Movimentava-se lento e não sem alguma dificuldade. A fala era pausada.

Conversamos essas vezes. Ele comentava um pouco de tudo: a melhor cor de roupa para proteger-se dos raios solares era azul marinho, por exemplo. No MIS ele foi acompanhar o festival de filmes de surf, o que nos pareceu bem inusitado para o gosto de um senhor idoso.

Sobretudo, falamos de literatura. Ele tinha feito Letras como eu, na FFLCH. Disse a ele que estava começando a fazer o mestrado. Recebi dele uma das dicas mais valiosas:

— Escreva todos os dias; um pouquinho que seja. Pratique a escrita como se pratica um esporte. Assim vai ser mais fácil enfrentar o processo de construir a dissertação.

Com isso em mente, voltei a escrever com mais regularidade, sobre coisas corriqueiras, sonhos, filmes, livros, músicas. Seis anos atrás abri o ovonovo, este blog aqui, deixando o colher, que também me acompanhou tanto tempo. Tanto num blog como no outro, há fases de pausa, como momentos de atividade intensa.

Captura de Tela 2015-01-18 às 22.34.06essa era a carinha do colher no começo

Releio os posts e me surpreendo, me redescubro. Me deparo com verdadeiros lembretes que escrevi para mim mesma no futuro.

São inúmeros os pequenos encontros nesse caminhar da vida: volto o olhar para trás muito grata e feliz por todos eles; por terem me trazido aqui e agora.