e de alguma maneira relacionados.
Eu estava num tipo de residência universitária (a vida universitária tomando conta dos meus sonhos), uma espécie de sala de convivência, anotando coisas, debruçada num caderno, quase caindo no sono. Chegam um professor que conheço de vista e uma de quem sou um pouco mais próxima. Ela começa a falar mal do marido, eu começo a anotar tudo sem que ela perceba, provavelmente ela pensava que eu estivesse dormindo. Ela propõe ao professor que os três vivam juntos, os dois que estão conversando e o esposo da professora. Ele já tinha concordado, segundo ela. Eu finjo que acordo de supetão, ela se assusta e quer ver o que eu anotava.
Como achava que isso não levaria muito a lugar qualquer, comecei a circular e vejo que estou num grande palácio moderno, alguma grande instituição. E tudo se transforma no novo filme do Tarantino, que não seria Bastardos inglórios, mas um filme seguinte, ainda com Brad Pitt, mas também com Uma Thurman, Lucy Liu e Mike Myers de cabeça raspada. Nesse grande palácio, escondiam-se réplicas dos planetas, que aos poucos iam sendo fabricados. Eles eram feitos pelos fabricionistas, que acreditavam que, depois do fim do sistema solar, seria preciso refazer todos os planetas (é do verbo fabricar que vem o nome do grupo). Júpiter já estava pronto, escondido – Mike Myers vigia o novo planeta, ele e outros atores menos conhecidos.
Júpiter por Júpiter…
Tudo funcionava como numa sociedade secreta. Mas pessoas contrárias aos fabricionistas, os elementares, resolvem acabar com todos os planetas que os fabricionistas estão fabricando. Os elementares resolvem entrar como espiões na propriedade dos fabricionistas, e depois de apuros conseguem destruir tudo. Mas ao saírem do palácio (algo como a Casa Branca), eles encontram guardas que sem fazerem uma pergunta metralham os elementares, Uma Thurman, Brad Pitt e Lucy Liu. A platéia dá risada e os créditos começam a subir.
Antes, semana passada, outro sonho que tem tiros. Dessa vez, era um filme histórico brasileiro, que mostrava uma revolução de escravos que queriam ser batizados. Os senhores eram contra. Mas a mobilização dos escravos foi tamanha que houve uma grande reunião de toda a comunidade, os senhores, as famílias, os escravos, para que se chegasse a um acordo. Os senhores dizem sim aos escravos, eles serão todos batizados. Os escravos ficam muito alegres, comemoram, a comunidade fica aliviada (que “comunidade” seria essa, intermediária, entre os senhores e os escravos?). Mas em segredo, os senhores já estavam de acordo com a idéia de matar todos os escravos rebeldes, que ali estavam reunidos. Chegam mercenários e matam todos os escravos com tiros ali mesmo. Os senhores, agora sim, ficam aliviados. Todas as outras pessoas, chocadas. Isso inclui um jovem português, que tinha acabado de chegar de sua terra natal, para se instalar na colônia e usar seu talento para pintar as paisagens tropicais.
No sonho estavam a cavalo?
O que se segue pode ser duas coisas: ou é uma lembrança de Portugal ou é algo que ele viveu na colônia, está difícil decidir. Era uma grande casa, um outro palácio, de outro tipo, de arcadas abertas, espaços amplos, tapeçarias nas paredes, afrescos, algo mediterrâneo com inspirações moçárabes.
O sol entra docemente, o jovem português, loiro de cabelos cacheados, está pintando uma tela (talvez a matança dos escravos?) e uma mocinha aparece. Ela está apaixonada por ele. Ele larga a pintura, e sai andando pelos espaços dessa enorme casa, escadarias, vasos, espelhos. Os dois conversam. Ela quer se casar com ele. Mas ele diz a ela que não gosta de mulheres. Ela diz que isso não é um problema para ele, ele pode continuar a ver outros homens. Em um momento, os dois deitam no tapete, perto de uma estante – agora parece aquela livraria que tem em Buenos Aires, que era um antigo teatro, ou a livraria cultura, que fica onde era um cinema – para se esconder de alguém.
Sonhei também, durante a semana, com algo que poderia ser um documentário sobre o PT. Como começou o PT? A história era assim, antes, só se votava em quem era poderoso. Os senhores de novo. A classe trabalhadora começou a juntar dinheiro para formar um partido. Com o valor que conseguiram acumular, era possível colocar candidatos nas eleições. Os salários dos novos deputados e senadores também servia para financiar mais candidatos. Isso teria sido uma dica do Ziraldo.
Adoro esses olhos
Mas logo em seguida, estou de novo numa universidade que não conheço, será no Rio de Janeiro? Era uma aula de ciência política, ou administração pública. Um professor jovem começa a explicar o funcionamento da “máquina”, coloca na lousa que há um princípio que diz que 1 = 1 e 50 = 50. E que 50 dividido por 50 dá 1. Até aí tudo bem. Mas na máquina pública as coisas funcionam de outra maneira, 1 = 2, as dívidas sempre oneram o Estado, para beneficiar o setor privado, os grandes proprietários. A aula fica interessante, as pessoas começam a participar, o professor diz que talvez “melhor assim”, que o Estado seja onerado, em vez de prejudicar a iniciativa privada. Eu de repente estou numa loja de perfumaria, apertadíssima, com caixas no chão, prateleiras com xampus mil (um tipo de Teruya!), lugar escuro onde mocinhas etiquetavam os produtos com o preço. Eu precisava de um creme para o cabelo mas não achava.