FUI CORTAR O CABELO

e toda vez que vou, por ir tão raramente, é um dia escolhido, depois de muita espera. Dessa vez, o cabeleireiro não lavou, nem borrifou; foi cortando a seco, muito mais Edward-mãos-de-tesoura do que já poderia ter sido. Deu medo a tesoura acertar minha cabeça, me cortar. O resultado nunca é plenamente satisfatório nos primeiros momentos. Na rua parece que todos estão olhando pra mim. Cheguei na livraria passando mal, quase desmaiando. Precisei sentar.

Lembrei de outra vez que cortei os cabelos a seco, de pé. Devia ter uns 10 anos, o salão envelhecido, amarelado, de uma senhora da Martim Francisco. Também quase desmaiei durante o corte, pressão baixa, as mãos formigando, e a cabeleireira nem percebeu, eu quietinha esperando terminar. Chegando em casa, daquela vez, uma mecha enorme. Voltei lá para ela acertar e não fomos mais cortar o cabelo ali, naquele salão que talvez nem exista mais.

Publicado por

anameliacoelho

Conto estórias, crocheto, tricoto, junto fios e tramas.

Um comentário sobre “FUI CORTAR O CABELO”

  1. já aconteceu comigo o tal corte feito com o cabelo seco, é das sensações mais esquisitas, porque parece que aquilo acontecendo não vai dar certo. já houve também o dia em que eu, após meses deixando uma franja de infância crescer, fui acertar o cabelo sem a companhia da mãe, achando que já podia tudo sozinha e voltei pra casa com uma nova franja e com um bico enorme de insatisfação.

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