COLO E CAMA COMPARTILHADA

eram os assuntos de uma mensagem que recebi; a pessoa me perguntava alguns detalhes sobre o que havia escrito em alguns posts anteriores: quando exatamente o Francisco começou a dormir junto conosco e como protegemos a cama. Depois o papo enveredou para a questão do colo — porque muitos palpites circulam em torno disso. O senso comum defende que colo é desnecessário, ou que até mesmo deixa a criança mal-acostumada. Como lidar e enfrentar esse tipo de comentário?

Foi uma outra troca de mensagens enriquecedora. Por isso até vale publicar aqui, como já fiz outras vezes.

Olá!
Já na casa de parto, nas primeiras noites, o Francisco dormiu na nossa cama. Lá elas tinham organizado umas almofadinhas que o protegiam; achamos melhor ele dormir conosco do que no berço, que era distante.
Em nossa casa, o berço era colado com a cama, mas já com três semanas de vida ele dormiu definitivamente conosco. Ao mesmo tempo eu comecei a amamentar deitada. Antes eu tinha receio de machucá-lo… até que ouvi de uma consultora que as mães tem o instinto de não se moverem tanto quando dormem ao lado do bebê. E não é verdade? Nunca aconteceu conosco de encostar ou me virar sobre o Francisco.
É necessário proteger os lados da cama. A nossa já era encostada numa parede. Do outro lado o berço protegia. A cabeceira encostamos numa estante. Hoje em dia ainda continuamos a cobrir três dos lados da cama — ela está num dos cantos do quarto, isto é, dois lados estão na parede, e do outro lado encostamos uma cômoda. Assim, só a parte dos pés é livre. Aos dez meses o Francisco aprendeu como descer da cama, de costas, sem se machucar. Aconteceu só duas vezes de ele cair… ele estava dormindo e eu não estava por perto. Mesmo assim não foi nada grave. Há outros bebês que caem de camas e sofás mesmo sem dormir lá; e bebês que pulam inclusive do berço!

Aquelas almofadas de gestação, em forma de U, são muito boas; há modelos menores para bebês. Usávamos muito, quando o Francisco era bem pequeno, para apoiá-lo ao dormir de lado. Assim também havia uma barreira entre ele e nós.
No fim das contas teu filho perceberá a tua presença na cama e pode ser que ele vá querendo se mover na direção do teu peito, ehehe, isso aconteceu com a gente nos primeiros meses! Espero ter respondido tua pergunta, qualquer coisa escreva.

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trecho de “A doença como linguagem da alma na criança”, de Rüdiger Dalhke e Vera Kaeseman, que encontrei dias depois de ter escrito essas mensagens

[mensagem seguinte, sobre o colo]

Imagina como o teu filho estava dentro da barriga: 9 meses de aconchego total. Todo bebê precisa de uma transição que não seja abrupta. As pessoas vão falar de tudo: fazer o quê? É o preço das nossas escolhas… O Marco e eu vemos o resultado de tanta proximidade corporal: Francisco nunca esteve doente, exceto resfriadinhos, quase sempre alegre e muito sociável. Como você mesma me conta, eu também não tinha tempo nem pra ir ao banheiro. É assim, uma dedicação intensa nesses primeiros meses. Posso dizer que vale a pena! Esse tempo passa e não volta mais…

Você o coloca no sling? Ajuda muito, tanto fora como dentro de casa. Teu filho fica gostoso e pertinho do teu corpo e você pode passear, cozinhar, ler…

Algumas pessoas exageram em seus comentários sobre colo. Não é que ele estará o tempo todo grudado em você, mas ele é tão pequeno ainda! Além disso, bebês passam por fases em que precisam de mais peito e colo — e outras em que ele dormirá e brincará sozinho numa boa. O bom é dosar, equilibrar: escutar o coração sem ligar para o que os outros acham.

Ou seja: independente de qualquer conselho que eu mesma e outras pessoas possam te dar, o importante é vocês dois, teu marido e você, escutarem a si mesmos. Pode até ser difícil, mas vale pelo esforço em se autodescobrir: que mãe e pai somos nós? Que mãe e pai queremos ser?

Publicado por

anameliacoelho

Conto estórias, crocheto, tricoto, junto fios e tramas.

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