mas mostrar.
Coreografar os mínimos movimentos cotidianos, arquitetar todos os planos em espaços milimetricamente simétricos, ou quando não, ao menos demarcá-los muito bem, para que neles as cores falem por si mesmas, que os olhares cúmplices digam tanto quanto as velhas canções. Mostrar que as coisas não são naturais.
“O que resta do tempo” tem muito do humor silencioso de Buster Keaton ou de Jacques Tati (fiquei com medo de essa minha impressão durante o filme ser um lugar-comum), tanto pelo vazio-cheio do cotidiano, como pela própria presença deles frente às câmeras. Eles circulam por entre os outros personagens menos para agir do que para multiplicar e desequilibrar o olhar.
Elia Suleiman traz a história de seu pai e de sua mãe, mais do que a história de seu retorno à casa; e é menos uma tentativa de contar a ocupação do que simplesmente contá-la como se pode, com o silêncio resignado e resistente, com esmero em criar coisas belas. De um mesmo belo de “Paradise now”, outro palestino.
Suleiman fala de outro retorno seu a Nazaré em “Crônica de um desaparecimento“, que está completo no youtube, assim como “Intervenção Divina“, entre vários outros filmes palestinos . Uma experiência e tanto, ver um longa no youtube em várias partes…
E mesmo assim, pensando nas experiências que são os filmes, não consigo evitar: adoro essas fotos de Cannes, que mostram talvez a razão de ser do cinema.
Tabule!!!