– você vai me ler. – tá bem, eu disse; tirei-a da estante.
Anos já eu olho para essa capa:
E fui de mãos dadas com ela que, como a André, me deixou uma pequena certeza: todos os livros devem ser como Nadja. Uma porta, um passeio entre pequenas e ricas coincidências: outubro, mãos e luvas, encontros marcados que não acontecem, acasos e enigmas que se acumulam. 10 de outubro Nadja disse a André: “tudo enfraquece, tudo desaparece. De nós alguma coisa deve permanecer”. Como, se mesmo a cidade já mudou de paisagem?
Não sou eu quem vai meditar sobre o que advém da “forma de uma cidade”, nem mesmo da verdadeira cidade, alheia e abstrata, daquela em que moro, por força de um elemento que seria para a minha mente o que o ar é para a vida. Sem nenhum arrependimento, agora a vejo tornar-se diferente e até fugir. Resvala, se incendeia, afunda no redemoinho de suas barricadas, no sonho das cortinas de seus quartos, onde um homem e uma mulher continuarão a se amar indiferentes.
Assim, num livro, as histórias não se apagam; são apenas outros começos.